Por Reinaldo Azevedo
Há cinco anos, quando o Brasil foi escolhido para sediar
a Copa do Mundo de 2014, a notícia provocou mais preocupação do que orgulho,
algo a se estranhar quando se trata de um país tão ligado ao futebol. Mas a
desconfiança era inevitável: temia-se que as autoridades brasileiras cometessem
os mesmos erros de sempre nos preparativos para o Mundial. Obras atrasadas - e,
portanto, mais caras, já que acabam exigindo investimentos de última hora para
cumprir os prazos - estavam no topo da lista de problemas previstos pela
população. O gasto de um volume excessivo de dinheiro público (mesmo com as
promessas de que todos os estádios seriam erguidos com investimento privado)
também provocava arrepios no contribuinte. Por fim, a sensação de que pouco
seria feito fora dos estádios fazia o brasileiro lamentar a perda de uma
oportunidade de ouro para promover uma revolução na infraestrutura do país. A
dois anos do início da Copa, essas preocupações vão se confirmando - pelo menos
por enquanto, a chance de o país usar o evento para mostrar seu potencial
parece, de fato, estar sendo desperdiçada. Para completar, a empreitada fica
cada vez mais cara: de acordo com dados divulgados na quinta-feira, os gastos
com estádios e outras obras já chegam a 27,3 bilhões, somando recursos públicos
e privados, 3,5 bilhões a mais que o estimado anteriormente.
O Brasil encerra a semana com sinais preocupantes tanto
dentro como fora dos estádios de 2014. Na manhã de quinta, a Fifa anunciou as
seis cidades-sede da Copa das Confederações, em São Paulo. O país evitou o vexame de ter cidades cortadas do torneio
por causa do atraso nas obras dos estádios - mas não conseguiu escapar de uma bronca da entidade
que comanda o futebol internacional. Os dirigentes da
Fifa não esconderam sua irritação por terem de aceitar a entrega das arenas
fora do prazo prometido (seis meses de antecedência). Horas depois, um alerta
sobre o que cerca os novos estádios. O Tribunal de Contas da União (TCU)
apresentou um diagnóstico preocupante das obras da Copa e sugeriu ao governo
que, diante da ineficiência na execução dos investimentos, retire
empreendimentos da matriz de responsabilidades. É nesse documento que está o
cálculo sobre o aumento de 3,5 bilhões de reais nos gastos com o evento. De
acordo com uma auditoria do órgão, das 44 obras de mobilidade financiadas pela
Caixa, por exemplo, 38 não tiveram nenhum desembolso por ora.
Além disso, muitas dessas obras não tiveram os
empréstimos sequer contratados. Parte tem sido tocada apenas com recursos de
estados e municípios, correndo o risco de ficar pela metade, caso os trâmites dos
financiamentos não se concretizem. Nada menos que 35% têm data de entrega
prevista para maio ou junho de 2014, às vésperas do evento. Em seu voto, o
relator dos processos de acompanhamento da Copa, ministro Valmir Campelo,
sugere que o governo reestude e retire alguns investimentos da matriz de
responsabilidades, tendo em vista a perspectiva de que não sejam inauguradas a
tempo. "Que o Ministério do Esporte reveja e, se for o caso, assuma o ônus
político”, afirmou. Segundo Campelo, o governo anunciou como preocupante a
situação de apenas cinco obras. Porém, o Ministério das Cidades, responsável
pelo acompanhamento dos projetos de mobilidade, tem falhado na fiscalização e
no acompanhamento, fiando-se apenas em informações prestadas por estados e
municípios, sem vistoriar os serviços in loco. Ainda assim, o governo segue
divulgando vídeos mensais com o avanço das obras. Todos, é claro, tentam
transmitir a impressão de que as obras transcorrem com notável velocidade.
Campelo classificou de inquietante a situação dos
aeroportos, principalmente em Viracopos e Guarulhos, ambos no estado de São
Paulo, cujas principais obras têm previsão de entrega para 2014, às vésperas da
Copa. Em Confins, a licitação para a reforma da pista fracassou. A situação não
é diferente no caso dos portos. No Rio, principal porta de entrada de turistas
do país, os píeres de atracação de navios de passageiros não ficarão prontos.
Em Santos, as obras só vão ser entregues depois do evento. Há pouco mais de um
mês, o governo federal confirmou o primeiro cancelamento de
uma obra prometida para a Copa. Em 2010,
quando definiu a Matriz de Responsabilidades do Mundial, o país listou todas as
obras ligadas à realização do evento, tanto nos estádios como na
infraestrutura. Até setembro, o governo vinha mantendo a promessa de entregar
todos os projetos previstos no documento. A construção do Veículo Leve sobre
Trilhos (VLT) de Brasília, porém, acabou sendo está cancelada e não sairá do
papel. O trem ligaria o aeroporto da capital ao Terminal da Asa Sul. A obra,
marcada por irregularidades, foi retirada da matriz a pedido do governo
distrital.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
Muito chato tudo isto, mas fazer o quê? Não adianta, petistas não sabem gerir nada. Os aliados envolvidos, todos com o nariz empinado, sem um mínimo de humildade prá dividir preocupações e tentar fazer o melhor. Quer saber? Não irei aos jogos, vamos ter o trânsito muito mais complicado ainda, portanto...eu só queria mesmo é ter um timão prá torcer por êle(pela TV).
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