"Tragédia se abate de forma perversa"

Na coluna de opinião "Cinformando", de Jozailto Lima, no jornal de Aracaju, "Cinform", duas notas sobre o cenário político de Feira de Santana, na edição de 20 a 26 de agosto:

"O recordista

Feira de Santana é a maior cidade do interior do Nordeste. Ou a segunda, se se levar em conta Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco - embora essa, diferentemente de Feira, valha-se da conurbação com o Recife para ser grande, com 649.787 habitantes. A baiana tem 562.466. É, sob diversos aspectos, uma cidade de recordes. Bela, próspera e, por ter nascido num dos maiores entrocamentos rodoviários do País, a que pratica o melhor acolhimento a quem lhe escolhe para viver. E, talvez, virá de Feira nas eleições deste ano um novo recorde: o da pior votação de um prefeito que tenta a reeleição no Brasil. Tarcízio Pimenta, PDR, apareceu numa pesquisa do Ibope, feita entre os dias 10 e 12, para a TV Subaé, afiliada da Globo, com 3% das intenções de votos. É pouco? Então tenha mais parâmetro: o candidato que lidera, José Ronaldo, Democratas, tem 76%. Seguramente, esses dois índices não são os mais assustadores na vida de Tarcízio: ele surfa sobre escandalosos 64% de rejeição. (A pesquisa ouviu 504 pessoas no Município de Feira e está registrada no TER baiano sob o número 00061/2012).

O recordista II

O estranho de tudo isso é que a literatura política indica, com quase precisão, que qualquer político no exercício de um mandato executivo - prefeito, governador ou presidente - tem, no mínimo, 30% dos votos quando vai a uma reeleição. Esse quantitativo é o que o poder do Governo dá como lastro. Com Tarcízio, a tragédia o abate de forma tão perversa que ele vira  quase traço de pesquisa. A junção dos 3% de intenção de voto com os 64% da rejeição é algo terrivelmente depreciador. Ele é um médico conceituado, era deputado estadual, tem esposa deputada e fora chamado por Ronaldo, liderança ativa na cidade e que já vinha de uma reeleição, a ser candidato a prefeito em 2008. Elegeu-se. Não fez um governo convincente - e Ronaldo anunciou desejo de voltar. Ele não aceitou. Os dois romperam e Tarcízio não teve zelo exato para medir o prejuízo que isso causaria à sua história pessoal e política. Deverá sair da cena pública com um recorde que nenhum político de bom-senso gostaria de bater."