Por Carlos Brickmann
O ex-presidente Lula disse que não quer
assistir ao julgamento do mensalão, porque tem mais o que fazer.
O advogado Márcio Thomaz Bastos apresentou de
novo um pedido já rejeitado três vezes, de desmembrar o processo; o ministro
Ricardo Lewandowski levou quase uma hora e meia dando um voto em favor de
Márcio, sendo derrotado por 9×2 - o que, para os réus do mensalão, foi uma
vitória: para eles, é importante ganhar tempo, até que se aposentem os
ministros Cezar Peluso e Ayres Brito, já que a falta de ministros atrapalha o
julgamento.
E é para não facilitar a criação de mais
atraso que o procurador-geral Roberto Gurgel, convencido de que deveria
fazê-lo, não pede o impedimento do ministro Dias Toffoli, amigo de boa parte
dos réus e que já defendeu José Dirceu.
É como um enxame de abelhas: há quem voe, há
quem faça cera.
E a Justiça?
Não se preocupe: o caso do mensalão foi
denunciado em 2005, há mais de sete anos.
Como dizia Ruy Barbosa, ícone dos juristas
brasileiros, "Justiça tardia não é Justiça, é injustiça manifesta".
Culpados ou inocentes? O Supremo é que deve
decidir, não colunistas e editorialistas da imprensa.
Mas é estranho que um grupo lute para que o
julgamento demore, em vez de querer que termine logo para encerrar seu
pesadelo.
É estranho que um advogado faça um pedido
verbal e um ministro puxe na hora um longo voto escrito sobre o tema,
prontinho.
E é estranho lembrar que toda a urgência
atual decorre só da lentidão com que o processo andou por tantos anos.
O motivo da cera
No futebol, faz-se cera quando o resultado é
bom para o time mais fraco.
O goleiro demora para bater o tiro de meta, a
cada falta, por leve que seja, o jogador rola no chão e só levanta quando o
juiz o ameaça, o gandula segura a bola além do tempo razoável, o técnico grita
do banco e bate o dedo no relógio, dizendo que o jogo acabou.
Já quem acha que vai ganhar quer a bola em
jogo.
Um comentário:
Pois é, quando se quer retardar o resultado de um julgamento, é porque o "réu temeroso" tem a certeza de sua culpa. Mais interessanteé que mes mo todo o mundo sabe a verdade, quem comprou, quem corrompeu, quem aceitou ser corrompido com a grana pública e ainda somos obrigados a conviver com as mentiras, tantos "faz-de-conta" em relação à êsse episódio. Hoje, os advogados de Dirceu, de Genoíno e de Delúbio dizem que os caras não tinham envolvimento com a grana, mas só acôrdos políticos. NINGUÉM se encontrou com os parlamentares que receberam a nossa grana. Então, terá sido coisa do além? A grana existiu e muitos se beneficiaram e votaram com o governo da época, LULA. Vai ser difícil nos convencer de que tal fato não existiu.
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