Por Ricardo Noblat
Salvo
a encantadora namorada do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso desde 29 de
fevereiro último sob a acusação de ter montado uma quadrilha para explorar
jogos ilegais, ninguém merecedor dos holofotes da mídia parece ter dito coisa
com coisa na semana passada. Absurdo o descompasso entre o discurso e a
realidade, entre o anunciado e a coerência.
Aos 30 anos de idade, Andressa
Mendonça é mãe dos dois filhos do empreiteiro Wilder Pedro de Morais, que
assumiu no Senado a vaga de Demóstenes Torres. Faz 10 meses que trocou Wilder
por Cachoeira.
A prisão do namorado não acrescentou
uma única ruga ao rosto de Andressa. Nem a
levou a reduzir o número de escovas. Andressa é assídua freqüentadora da penitenciária
da Papuda, em Brasília, onde Cachoeira está isolado.
Usa o resto do seu tempo para cuidar
dos filhos em Goiânia e de sua loja de roupas íntimas, com direito a uma
"sala de fetiche".
Provocada por jornalistas, antecipou
o que imagina fazer no dia que Cachoeira for solto: "Vou começar a
defender a legalização dos jogos." Falou sério!
Nada mais de acordo com o que
conferiu projeção ao namorado. De resto, um desassombrado tributo ao arriscado
e incompreendido ramo de atividade que garante o pleno conforto do casal.
Ingenuidade e transparência costumam
ser boas companheiras. A verdade sai ganhando com a parceria delas. Quanto à
esperteza e malícia, vez por outra assinam desastres inesquecíveis ou
trapalhadas pitorescas.
Da ingênua Andressa à esperta em
treinamento Dilma Rousseff.
O que foi mesmo que elegeu a senhora
para suceder Lula?
Sua simpatia? Não, não foi. A
paciência que somente os sábios e os mais velhos transpiram no trato com os
afoitos e apressadinhos? Não foi.
Sua destreza no manejo das palavras?
Também não. Algo de mágico chamado carisma? Menos ironia, Noblat! A mulher é
presidente! Sua cancha em disputar eleições? Jamais disputara uma antes.
Lula escolheu Dilma para manter
aquecida a cadeira que foi dele durante oito anos. Mas o que a elegeu foi a
satisfação da maioria dos brasileiros com os resultados da economia.
Mais dinheiro no bolso e mais crédito
na praça desidratam escândalos, desmoralizam a moral e fazem tábula rasa da
ética. É assim, infelizmente.
E como é que essa senhora, que por
tantos anos celebrou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador
do conjunto de riquezas do país; como é que ela, ao ver o PIB ladeira a baixo,
comete o atrevimento de dizer que o PIB não tem lá essa importância toda,
importante é como cuidamos das nossas crianças e adolescentes?
Quer dizer: Pibão vale. Merece ser
reverenciado. E por causa dele cabe acicatar os desafetos políticos. Pibinho
não vale. Entra em cena o vinde a mim as criancinhas! Para quê? Para serem mais
bem alimentadas com menos recursos?
Aproxime-se para lá, dona Dilma!
Respeito à inteligência alheia é bom e ainda tem quem goste.
De Dilma, a esperta meio sem jeito, à
senadora Kátia Abreu, ex-DEM do Tocantins, uma das estrelas do recém criado PSD
e autora da ameaça recente de abrir uma dissidência no partido que não é de
direita, nem de esquerda, nem de centro, segundo seu fundador Gilberto Kassab,
prefeito de São Paulo: dissidência para quê, cara senadora?
Kátia apoiava a decisão do PSD
mineiro de reforçar a candidatura à reeleição do prefeito Márcio Lacerda(PSB),
de Belo Horizonte, o queridinho do senador Aécio Neves (PSDB).
Aí Kassab, para agradar Dilma,
atropelou o PSD mineiro e mandou que apoiasse a candidatura a prefeito de
Patrus Ananias, do PT. Kátia não se conforma.
Dezoito quilômetros, percorridos em
quinze minutos de carro, separam a mineira Paraisópolis, cidade de 20 mil
habitantes, da paulista São Bento do Sapucaí, com cerca de 12 mil habitantes.
No mais rico Estado do país, o DNA do
PSD é tucano. No segundo mais rico começa a se tingir de vermelho. A ideia da
dissidência não junta lé com cré.
O vice-presidente da República,
Michel Temer, abriu as portas do PMDB para Kátia. Que vê com simpatia a chance
de se mudar para lá.
Caso se mude, terá deixado o PSD
porque em Minas ele aderiu ao PT. Para cair no colo do PMDB, que simula
governar o país aliado ao PT. Pensando bem, não faz sentido. Mas pensando
melhor, até que faz.
Fez sentido Demóstenes Torres culpar
a imprensa pela cassação do seu mandato - e logo ela que o apontava como o
príncipe da decência. Afinal, a quem Demóstenes poderia culpar?
Não faz sentido a CPI do Cachoeira
reconhecer desde já o seu fracasso. Deixou a Delta em paz? E daí? Em
compensação pôs para circular um campeão de audiência.
Nada a ver com conversas gravadas de
Cachoeira com sua gang.
É um vídeo extraído do acervo da CPI
que mostra uma atraente assessora do senador Ciro Nogueira (PP-PI),
semi-coberta de tatuagens, entregue aos cuidados amorosos de um assessor do
senador Sérgio Petecão (PSD-AC).
O vídeo está custando uma nota no
mercado paralelo.
Fonte: "Blog do Noblat"
Um comentário:
E como é que o povo vai entender(eu, li o artigo duas vezes) tanta safadeza e passar o país a limpo, não votando em canalha algum? Tá difícil.
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