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quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Todo mundo foi da Resistência..."

Por Carlos Chagas

Mil anos atrás, este que vos escreve deslumbrou-se pela primeira vez com a maravilha que era e continua sendo Paris. Poucos anos haviam decorrido do fim da II Guerra Mundial e nem precisávamos puxar pela memória de transeuntes, motoristas de táxi, garçons de bar, diplomatas, banqueiros e povão nas ruas. Antecipavam-se, tinham sido todos da Resistência, nenhum deixava de contar as ações heróicas de que participara na luta contra o nazismo.
Parecia que a França jamais se havia curvado à truculência germânica, que a ocupação fora mero pretexto para a posterior distribuição de medalhas e a exaltação do espírito indomável do berço da liberdade.
Ninguém lembrava de que se não fossem os americanos, os franceses estariam falando alemão até hoje. Aliás, uma das maiores charges da época foi publicada no New York Times, mostrando um De Gaulle imenso e arrogante, quando expulsou a Otan de seu território, mandando embora um soldadinho dos Estados Unidos e exclamando: "Suma daqui e só volte quando os boches nos invadirem novamente!"
Pois é. Excessos existem de todos os lados. Até violências inomináveis, como a tortura, os seqüestros, os assassinatos e a ocultação de cadáveres, praticados pelos agentes do Estado brasileiro durante a ditadura militar. Estava certa a presidente Dilma quando lembrou que a Lei da Anistia impede a punição de quantos se envolveram naqueles horrores, afirmando em seguida que "não perdoaremos".
Só que tem um problema: durante os anos de chumbo, quantos resistiram? Hoje, parece que foram todos, com o PT à frente, o PMDB, o PSDB, mais a Ordem dos Advogados, a ABI, a CNBB, os operários em massa, toda a classe média, os banqueiros, os empreiteiros, os donos da terra e os sem-terra. Não foi bem assim. Excluindo certas elites que davam sustentação direta ao regime e até financiavam os horrores, a grande maioria da população acomodou-se. Ignorou, propositadamente, as profundas agressões aos direitos humanos e ao esfacelamento das instituições democráticas. À exceção de uns poucos idealistas e de outro tanto de truculentos, iguaizinhos aos que assolavam a nação, a sociedade conviveu com os generais-presidentes. Ninguém deixou de pular o Carnaval nem de comparecer ao Maracanã ou ao Morumbi para delirar com nosso craques. Disputavam-se empregos, alimentação, casa própria, família, escolas, universidades e tudo o mais que se disputa hoje, mesmo sem, lá e cá, conseguirmos o necessário.
Sendo assim, fica meio ridículo agora assistir todo mundo apregoando, e alguns até se locupletando, por terem resistido contra a ditadura militar. Mais ou menos como os franceses, na década de cinqüenta, diziam haver resistido, enfrentado e vencido o nazismo. E olhem que nossos valores são completamente diferentes. O Brasil é muito maior do que seus excessos, suas contradições e seus horrores. Continua aqui, apesar de tudo...

Um comentário:

Mariana disse...

Os que mais falam da "ditadura", são os que melhor se deram na vida, com bons cargos, boa grana e tudo o que a maioria dos brasileiros gostaria de ter.
Nunca entendi no que essa maioria, que tanto fala, foi prejudicada. Sei que há alguns que não tiveram a sorte dessa turma que aí está, desapareceram e nunca foram localizados, mas deveriam esclarecer dos dois lados, porque culpar apenas os "ditadores", agora, é fácil. Se hoje, alguns contrários ao gov do PT se rebelassem, ela os mandaria prender e sei lá mais o que.
Ordem é ordem e justiça idem, ontem, hoje e amanhã.