LULA ESTÁ COM ÓDIO E ABRAÇADO A SEU RANCOR! ELE É HOJE O ÚNICO RISCO QUE ENFRENTA O GOVERNO DILMA. OU: AINDA QUE A GRITARIA SUGIRA O CONTRÁRIO, OS TOTALITÁRIOS JÁ PERDERAM
Considero
este texto um dos mais importantes já publicados neste blog. Se gostarem,
ajudem a divulgá-lo.
*
Por Reinaldo Azevedo
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Por Reinaldo Azevedo
Eu não gosto da expressão "passar a história a limpo". Tem apelo
inequivocamente totalitário. Fica parecendo que vivemos produzindo rascunhos e
que a história verdadeira nos aguarda em algum lugar. Para tanto, teríamos de
nos submeter às vontades de um líder, de uma raça, de uma classe ou de partido
para atingir, então, aquela verdade verdadeira. A gente sabe aonde isso já deu.
Nos milhões de mortos dos vários fascismos e do comunismo. Assim, não existe
história a ser "passada a limpo". Os países que alcançaram a democracia
política, como alcançamos, têm é de lutar para tirar da vida pública os
corruptos, os aproveitadores e os oportunistas. Isso é "passar a limpo"? Não!
isso é melhorar quem somos. Não por acaso, antes que prossiga, noto que Luiz
Inácio Lula da Silva é um dos herdeiros dessa visão totalitária supostamente
saneadora - daí o seu mentiroso "nunca antes na história destepaiz",
como se fosse o fundador do Brasil.
A CPI do Cachoeira poderia ser - pode ser
ainda, a depender do andamento, vamos ver - mais uma dessas oportunidades em
que práticas detestáveis dos subterrâneos da política vêm à luz, permitindo
punir aqueles que abusaram dos cofres públicos, das instituições e da boa-fé
dos brasileiros. Ocorre que há uma boa possibilidade de que isso não aconteça.
E por quê? Porque Lula está com ódio. Um ódio injustificado. Um ódio de quem
não sabe ser grato. Um ódio de quem não encontra a paz senão exercendo o mando.
É ele quem centraliza hoje os esforços para que a CPI se transforme num
tribunal de acusação da Procuradoria Geral da República, do Supremo Tribunal
Federal e da imprensa independente. E já não esconde isso de seus
interlocutores.
A presidente Dilma Rousseff, cujo governo
não é do meu gosto - e há centenas de textos dizendo por que não - já deve ter
percebido (e, se não o percebeu, então padece de uma grave déficit de atenção
política): o risco maior de desestabilização de seu governo não vem da oposição
ou do jornalismo que leva a sério o seu trabalho. O nome do risco é Lula.
Ele quer se vingar. Mas se vingar
exatamente do quê? Não há explicação racional para o seu rancor, como vou
demonstrar abaixo. Já foi, sim, um elemento que ajudou a construir a democracia
brasileira - não mais do que isto, friso: uma personagem que participou de sua
construção. Nem sempre de modo decoroso. Em momentos cruciais, para fortalecer
seu partido, atuou como sabotador. Mas o sistema que se queria edificar era
mais forte do que a sua sabotagem. Negou-se a homologar a Constituição;
recusou-se a participar do Colégio Eleitoral; opôs-se ao Plano Real; disse "não" às reformas que estão hoje da base da estabilidade que aí está… A lista
seria longa. Mesmo assim, ao participar do jogo institucional (ainda que sem
ter a devida clareza de sua importância), deu a sua cota. Agora que o
regime democrático está estabelecido, Lula se esforça para arrastar na sua
pantomima e na do seu partido alguns dos pilares do estado democrático e de
direito.
Por quê? Seria seu senso de justiça tão
mais atilado do que o da maioria? É a sua intolerância com eventuais falcatruas
que o leva hoje a armar setores do seu partido e da base aliada para tentar
esmagar a Procuradoria, o Supremo e a imprensa? Não! Lamento ter de escrever
que é justamente o contrário: o que move a ação de Lula, infelizmente,
é o esforço para proteger os quadrilheiros do mensalão. Uma coisa é
certa: outros líderes, antes dele, já deram guarida a bandidos. O PT não fundou
a corrupção no Brasil. Mas só Lula e seu partido a transformaram num fundamento
ético a depender de quem é o corrupto. Se aliado, é só um herói injustiçado.
Ódio imotivado
E Lula, por óbvio, deveria estar com o coração pacificado, lutando para fortalecer as instituições, não para enfraquecê-las. Um conjunto de circunstâncias - somadas a suas qualidades pessoais (e defeitos influentes) - fez dele o que é. Em poucas pessoas, o casamento da "virtù" com a "fortuna" foi tão bem-sucedido. O menino pobre, retirante, tornou-se presidente da República, eleito e reeleito, admirado país e mundo afora. Podemos divergir - e como divergimos! - dessa avaliação, mas nada disso muda o fato objetivo. Quantos andaram ou andarão trajetória tão longa do ponto de partida ao ponto de chegada?
E Lula, por óbvio, deveria estar com o coração pacificado, lutando para fortalecer as instituições, não para enfraquecê-las. Um conjunto de circunstâncias - somadas a suas qualidades pessoais (e defeitos influentes) - fez dele o que é. Em poucas pessoas, o casamento da "virtù" com a "fortuna" foi tão bem-sucedido. O menino pobre, retirante, tornou-se presidente da República, eleito e reeleito, admirado país e mundo afora. Podemos divergir - e como divergimos! - dessa avaliação, mas nada disso muda o fato objetivo. Quantos andaram ou andarão trajetória tão longa do ponto de partida ao ponto de chegada?
Lula deveria ser grato aos aliados e
também aos adversários. Qualquer um que tenha um entendimento mediano da
história sabe como os oponentes ajudam a formar a têmpera do líder,
oferecendo-lhe oportunidades. Não há, do ponto de vista do Apedeuta, o que
corrigir no roteiro. O destino lhe foi extremamente generoso. Sua alma deveria
estar em festa. E, no entanto, ele sai proclamando por aí que chegou a hora de
ajustar as contas. Com quem? Com quê?
Não farei aqui a linha
ingênuo-propositiva, sugerindo que o ex-presidente deixe a CPI trabalhar sem
orientação partidária, investigando quem tem de ser investigado, ignorando que
há forças políticas em ação e que é parte do jogo a sua articulação para se
defender e atacar. Isso é normal no jogo democrático. O que não é
aceitável é esse esforço para eliminar todas as outras - à falta de melhor
designação, ficarei com esta - "instâncias de verdade" da sociedade. Instâncias
que são, reitero, instituições basilares da democracia.
Lula e seus sectários chegaram ao ponto em
que acreditam que o PT não pode conviver com uma Procuradoria-Geral da
República que não seja um braço do partido; com um Supremo Tribunal Federal que
não seja uma seção do partido; com uma imprensa que não seja uma das extensões
do partido. Todos eles têm de ser desmoralizados para que, então, o PT
surja no horizonte realizando a sua vocação: SER A ÚNICA INSTÂNCIA DE VERDADE.
Na conversa que manteve anteontem com petistas, em que anunciou - POR CONTA
PRÓPRIA - que o governo vai avançar sobre a mídia, Rui Falcão, presidente do
PT, foi claríssimo:
"(a mídia) é um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010)."
"(a mídia) é um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010)."
Ou por outra: o bando heavy metal
do PT considera que as instituições da democracia ocupam o seu espaço vital,
sufocam-no. Se o partido foi vitorioso e chegou ao poder segundo os
instrumentos democráticos, uma vez no topo, é preciso começar a eliminá-los. Esses
petistas entendem a política segundo uma linha supostamente evolutiva de que
eles seriam os mais aptos. Qualquer outra possibilidade significa um
retrocesso. É um mito da velha esquerda, herdado, sim, lá do marxismo - ainda
que o partido não seja mais marxista nos fundamentos econômicos. Da velha
teoria, herdou a paixão pelo totalitarismo.
Já vimos isso antes e alhures
Já vimos isso antes na história. Na América Latina, a Argentina assiste a um processo ainda mais agressivo, conforme revela matéria da VEJA na edição desta semana. Os regimes autoritários ou a depredação da democracia não surgem sem justificativas verossímeis e sem o apoio de muitos inocentes úteis e inúteis. Procedimentos corriqueiros do jogo democrático e do confronto de ideias começam a ser ideologicamente demonizados para que venham a ser considerados crimes. Voltem à fala de Rui Falcão. A simples disputa eleitoral, para ele, é chamada de "manifestação de preconceito" das oposições. A vigilância que toda imprensa deve exercer numa democracia é tratada como ato de sabotagem do governo. E ninguém estranha, é evidente, que VEJA esteja entre os alvos preferenciais dos autoritários.
Já vimos isso antes na história. Na América Latina, a Argentina assiste a um processo ainda mais agressivo, conforme revela matéria da VEJA na edição desta semana. Os regimes autoritários ou a depredação da democracia não surgem sem justificativas verossímeis e sem o apoio de muitos inocentes úteis e inúteis. Procedimentos corriqueiros do jogo democrático e do confronto de ideias começam a ser ideologicamente demonizados para que venham a ser considerados crimes. Voltem à fala de Rui Falcão. A simples disputa eleitoral, para ele, é chamada de "manifestação de preconceito" das oposições. A vigilância que toda imprensa deve exercer numa democracia é tratada como ato de sabotagem do governo. E ninguém estranha, é evidente, que VEJA esteja entre os alvos preferenciais dos autoritários.
Aqui e ali alguns tontos se divertem um
tatinho achando que a pinima de Lula e de seus extremistas é com a revista em
particular. Não é, não! É com a imprensa livre. Se VEJA está entre seus alvos
preferenciais, deve ser porque foi o veículo que mais o incomodou. Então se
tira da algibeira a acusação obviamente falsa, comprovadamente falsa, de que a
publicação participou de conspirações contra esse ou aquele. Ora, digam aí os
nomes dos patriotas, com carreiras impolutas, que foram vítimas desse ente tão
terrível. VEJA não convidou os malandros
do mensalão a fazer malandragens. Também não patrocinou as sem-vergonhices no
Dnit. Também não responde pela montanha de dinheiro liberado que não se
transformou nem em estradas nem em obras de reparo. A revista relatou essas
safadezas. Com quem falou para obter informações que eram do interesse de quem
me lê de outros milhões de brasileiros? Isso não é da conta de Lula! Ele, como
sabemos, só dialoga com a fina flor do pensamento… Só que há uma diferença
importante: um jornalista que se respeita não fala com vigaristas para ser ou
manter o poder. Se o faz, é para denunciar o poder! E assim foi, o que rendeu a
demissão de corruptos e a preservação do patrimônio público.
É claro que isso excita a fúria dos
totalitários. Na Argentina, a tropa de Cristina Kirchner costuma ser ainda mais
criativa - e, em certa medida, grosseira - do que seus pares brasileiros. Por
lá, a agressão à imprensa chegou mais longe. Começou com uma rusga com o
Clarín, que apoiava o casal Kirchner. Agora, trata-se de um confronto com o
jornalismo livre. A exemplo do que ocorre no Brasil, uma verdadeira horda está
mobilizada pelo oficialismo para destruir a democracia. Também lá, a
subimprensa alugada pelo poder, conduzida por anões morais, ajuda a fazer o
serviço sujo.
Voltando e caminhando para a conclusão
Lula e seus extremistas estão indo longe demais! Quando um secretário-geral da Presidência reúne deputados e senadores do seu partido, como fez Gilberto Carvalho, para determinar que o centro das preocupações da CPI deve ser o mensalão, esse ministro já não se ocupa mais do governo, mas de um projeto de esmagamento da boa ordem democrática; esse ministro não demonstra interesse em identificar e pedir que a Justiça puna os corruptos, mas em impedir que outros corruptos sejam punidos. E por quê?
Lula e seus extremistas estão indo longe demais! Quando um secretário-geral da Presidência reúne deputados e senadores do seu partido, como fez Gilberto Carvalho, para determinar que o centro das preocupações da CPI deve ser o mensalão, esse ministro já não se ocupa mais do governo, mas de um projeto de esmagamento da boa ordem democrática; esse ministro não demonstra interesse em identificar e pedir que a Justiça puna os corruptos, mas em impedir que outros corruptos sejam punidos. E por quê?
Porque Lula está com ódio? De várias
maneiras, o seu conhecido projeto continuísta se mostra, hoje, impossível. Não
é surpresa para ninguém que mais apostavam no naufrágio de Dilma algumas alas
do PT que nunca a consideraram petista o suficiente do que propriamente a oposição.
Estaria eu flertando com o governo, como disseram alguns tontos? Ah, tenham
paciência! Não mudei um milímetro a minha avaliação sobre a gestão Dilma
Rousseff e sempre escrevi aqui - vejam lá! - que as denúncias de lambanças
feitas pela imprensa livre, seguidas das demissões, fariam bem à sua imagem e à
sua reputação. Está em arquivo. Sei o que escrevo e tenho, alguns podem
lamentar, uma memória impecável. Assim, a presidente não me decepciona porque
eu não esperava mais do que isso. Também não me surpreende porque eu não
esperava menos do que isso. Contrariados estão alguns fanáticos do petismo que
acreditam que há certos "trancos" na democracia que só podem ser dados por
Lula. Sim, eles têm razão. Infeliz E felizmente, só Lula
poderia fazer certas coisas. E não vai fazê-las. Não se enganem, não! A
avaliação de Dilma lá nas alturas surpreende e decepciona os que apostavam no
retorno de Lula. Eu não tenho nada com isso porque nunca fui dessa religião… Ou
melhor: até fui, quando era menino e pensava como menino, como diria o apóstolo
Paulo… Depois eu cresci.
Lula tenta instrumentalizar essa CPI para
realizar a obra que não conseguiu realizar quando era presidente: destruir de
vez a oposição, botar uma canga na imprensa e "passar a história a limpo",
segundo o padrão do revisionismo petista. Mas a democracia - e ele tantas vezes
foi personagem minúscula de sua construção, quando poderia ter sido maiúscula -
não vai deixar. Não conseguirá arrastar as instituições em seu delírio
totalitário. Tenham a certeza, leitores: por mais que o cerco pareça sugerir o
contrário, esse coro do ódio é expressão de uma luta perdida. E a luta foi
perdida por eles, não pelos amantes da democracia.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
2 comentários:
Impecável o texto! Perfeito!
E sabe de mais? Dizem que Deus escreve o certo, muitas vezes, por linhas tortas. O povo precisava parar de ficar escutando as baboseiras, todos os dias, dessa criatura. Dada a ignorância de muitos, você sabe, o Falastrão conseguia convencer a maioria com suas mentiras. Entendeu, né?
Dimas, que texto maravilhoso. Parabéns a Reinaldo Azevedo e a voce por publicá-lo. Muitos brasileiros deveriam ter esta visão do PT, com certeza saíriam da cegueira política.
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