Por Cesar Romero
O Museu Regional de Arte de Feira de Santana, cidade a
108kms de Salvador, incorporado à Universidade Estadual (UEFS), este ano
completa 45 anos de sua fundação. Motivo para festejar. Um Museu de relevância
no país, basta citar a Coleção Inglesa composta de 30 obras de arte de 27
artistas ingleses do Pós–Guerra, concentrando o que se produziu no modernismo
inglês nas décadas de 1950 e 1960. É o maior e mais importante acervo inglês da
America Latina. Bastava este item para transformar o espaço em lugar
obrigatório de visitação no Brasil.
O Museu Regional de Arte foi inaugurado em 26 de março
de 1967, fruto do interesse de um grupo de intelectuais, artistas, religiosos e
empresários da cidade, entre tantos merece registro os nomes de Joselito
Amorim, Dival Pitombo, Eurico Boaventura, Áureo Filho, João da Costa Falcão.
Coube a Assis Chateaubriand a doação do valioso acervo. A partir de 1995, já
incorporado à Universidade Estadual de Feira de Santana, com a criação do
Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), passou a ocupar o espaço da
antiga Escola Normal Rural de Feira de Santana. Um prédio histórico, no centro
da cidade. As obras de arte foram recentemente restauradas, com rígidos
critérios museológicos.
Didaticamente o Museu Regional de Arte de Feira de
Santana apresenta núcleos: Coleção de Arte Feirense com nomes como
Raimundo Oliveira, Juraci Dórea, Herivelto Figueredo, Antonio Brasileiro, Carlo
Barbosa, Graça Ramos, Gil Mário entre outros. Coleção de Arte Baiana
traz obras de Carybé, Emanuel Araujo, Carlos Bastos, Floriano Teixeira, Genaro
de Carvalho, Hansem Bahia, Jenner Augusto, José de Dome, Luiz Jasmim,
Presciliano Silva, Riolan Coutinho, Sante Scaldaferri, Mercedes Kruschewsky,
Mario Cravo Neto, para citar alguns. Coleção de Arte Brasileira com
nomes luminares como: Aldemir Martins, Frans Krajcberg, Maria Bononi, Orlando
Teruz, Quirino da Silva, Rescála, Di Cavalcanti, Sérgio Camargo e Vicente Rego
Monteiro. O trabalho de Rego Monteiro de 1929, talvez seja um dos melhores de
sua produção. Coleção Nipo-brasileira nos traz Manabu Mabe, Kazuo
Wakabayash, Fukushima e Tomie Ohtake. Finalmente a extraordinária Coleção
Inglesa, com artistas pertencentes à Escola de Londres, ainda emergentes
quando adquiridos como: David Oxtoby, Bryan Organ, Frank Auerbach, Howard
Hodykin, Alan Davie, Grahan Sutherland e John Piper. Uma das peças mais valiosas
é de Frank Auerbach que estudou no Royal Colege of Arts e em 1986, representou
a Inglaterra na Bienal de Veneza. John Piper está presente nos mais importantes
museus do mundo, é uma referência. Foi o artista britânico oficial da segunda
Guerra Mundial, documentando áreas bombardeadas de Bath e Coventry. Grahar
Sutherland é considerado um dos maiores artistas ingleses do século XX.
Trabalhou em dois Bestiários, um em 1968, litografia em 26 cores, tendo como
assunto Cristo Redentor, inspirado pela arte bizantina, o segundo Bestiário
baseado nos poemas de Apollinaire. Howord Hodgkin, pintor e gravador, baseava
seu trabalho no encontro entre pessoas. Considerado um dos maiores coloristas
da arte contemporânea. Foi curador da Tate Gallery e da National Gallery of
Arts de Londres. Ganhou o Prêmio Turner em 1985. Brayan Organ, trabalhou com
retratos da monarquia, pintou Lady Di em traje esporte, usando jeans, o
príncipe Chales em roupas informais, revolucionando a abordagem dos retratos da
monarquia. Três pinturas suas sobre membros da família real inglesa estão na
prestigiada National Portrait Gallery de Londres. Alan Davie é talvez o artista
de maior popularidade da coleção. Seu trabalho está espalhado em coleções
particulares e sua obra encontra-se na Tate Gallery e o Victoria and Albert
Museum em Londres; Museu de Arte Moderna de Nova Iorque; Carnegie Institut de
Pittisburgh na Rússia; Sdedelijk de Amsterdã; Australian National Gallery em
Adelaide e Nactional Gallery de New South Wales, em Sydney. Na realidade esta
coleção nos revela aspectos da historia da arte inglesa, da historia da arte no
mundo. O Museu Regional de Arte é o mais importante marco cultural de Feira de
Santana.
Coluna publicada na edição de domingo, 20, do "Correio"
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