Por Reinaldo Azevedo
Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do
PT, convocou os militantes do partido a se comportar como policiais da
internet. Eles não só devem usar a rede para fazer campanha para Lula como
denunciar o que chama de "guerra suja". Há até um endereço para o qual enviar
mensagens consideradas ofensivas. O partido ameaça os que não rezam segundo a sua
cartilha com uma indústria de ações judiciais. É uma intimidação explícita.
Elas podem não dar em nada, mas tomam tempo, enchem a paciência. Diogo Mainardi
sabe disso. Eu sei disso. Se eu postar num blog a existência de 40
quadrilheiros aliados de Lula é "guerra suja" ou informação prestada pelo
procurador-geral da República?
Pomar quer é patrulhar as consciências. Este senhor
disputou com Ricardo Berzoini a presidência do partido e chegou a fazer
críticas bastante ácidas à turma que promoveu ou tolerou o mensalão. Tarso
Genro, antes dele, havia até imposto condições para dirigir a legenda. Defendia
a sua "refundação". Os jornais caíram na conversa e se esmeraram em fazer
infográficos distinguindo as várias correntes petistas. Nada aconteceu. Estão
todos juntos porque jamais se separaram. Incluindo Delúbio Soares. O PT não é
como colesterol. Não tem uma versão HDL.
"Sujo" é tudo aquilo com que os petistas não
concordam. E por que a Internet? Porque não há censura politicamente correta na
rede, embora, claro, seus usuários estejam sujeitos às leis do país. Ocorre que
Pomar não está preocupado com infrações que configurem crimes explícitos. A
questão é outra. A rede mundial de computadores é o território do indivíduo -
palavra e conceito que as esquerdas abominam - do homem-célula. Não há
constrangimentos ditados ou por concessões públicas ou por razões de mercado.
Esclareço a referência ao mercado: hoje em dia, é
preciso ser "neutro" e "isento" diante de conflitos. Ou o veículo será visto
como um "radical". É preciso falar para o maior número de pessoas possível.
Ninguém sabe por que time Galvão Bueno torce. E está certo. Ele é quase um juiz
do jogo, que desperta paixões. Mas será assim também na política? Será tão
legítimo "torcer" por Israel quanto "torcer" por Hezbollah-Síria-Irã? Lendo
alguns jornais e assistindo a certos noticiários, sou tentado ora a achar que
sim, ora a considerar que criminoso mesmo é Israel, o Estado democrático que
foi agredido e está reagindo. Esses setores da imprensa também usam civis
libaneses como escudo. Eles protegem a sua covardia e a justificação moral do
terror.
Se o petismo está devidamente infiltrado na mídia
formal (sem a qual os blogs não existem, é bom deixar claro, mas este é assunto
para outro artigo); se, nas redações, disputa espaço com outras correntes de
pensamento, sempre minoritárias, porque fragmentadas, a hegemonia, na rede,
ainda é daquelas vertentes de pensamento que o PT classifica de "conservadoras"
ou "de direita", sinônimo, entenda-se, de "sujas". E por que é? Um submarxista
diria que é por causa da exclusão digital, uma mentira grosseira. No universo
de que falo, o corte de renda não tem a menor importância.
A minha hipótese é outra. O homem-célula não se
submete a nenhum ente de razão. Ele não precisa escrever, por exemplo, que "os
EUA consideram o Hezbollah um grupo terrorista", como se fosse esse um juízo de
valor. O homem-célula não precisa ouvir o que pensa a Fenaj sobre o projeto que
cria um cartório no jornalismo. Sei que choca o que vou escrever, mas vou
escrever: o homem-célula é incompatível com a esquerda, mesmo a "vegetariana",
preocupada em salvar baleias, o mico-leão-dourado e a ararinha-azul - ou bem
você acredita que um partido porta a forma e o conteúdo do futuro e, então, põe
a sua inteligência a serviço dessa construção, ou bem exerce a sua liberdade.
Pomar comete o equívoco de supor que pessoas livres
são necessariamente antipetistas. Opa! Esperem aí: ocorre-me que ele pode estar
certo. E, nesse caso, estamos todos correndo um grande risco.
Voltei
Leram? Esse texto, deste escriba, que está no livro "O País dos Petralhas", foi publicado, ATENÇÃO!, no dia 22 de julho de 2006 no jornal "O Globo". Até eu fico um pouquinho impressionado, hehe. Ali já anuncio a disposição do PT para patrulhar a rede - eles profissionalizaram essa atividade mais tarde - e o inconformismo da turma com o fato de que aqueles que chamavam "direita" estivessem mais presentes no debate.
Leram? Esse texto, deste escriba, que está no livro "O País dos Petralhas", foi publicado, ATENÇÃO!, no dia 22 de julho de 2006 no jornal "O Globo". Até eu fico um pouquinho impressionado, hehe. Ali já anuncio a disposição do PT para patrulhar a rede - eles profissionalizaram essa atividade mais tarde - e o inconformismo da turma com o fato de que aqueles que chamavam "direita" estivessem mais presentes no debate.
Se quiserem saber, estavam e estão. Por isso mesmo,
além dos policiais da Internet - que ficam molestando e trollando nas
redes sociais os que criticam o partido -, criou-se também o JEG (Jornalismo da
Esgotosfera Governista). Achando que isso é pouco, recorrem ainda a perfis
falsos no Twitter e a robôs para espalhar as verdades eternas do partido.
A razão de ser da Internet, no que diz respeito à
comunicação, é isso que chamo de homens-célula, os indivíduos. Para
combatê-los, os petistas criaram o "homem-partido", que fala em nome de um
ente. Esse "homem-partido" das redes sociais tem de ser combatido porque, antes
de mais nada, ele frauda aquela que é uma conquista dos indivíduos: o direito
de ter a sua própria voz!
Expulse o homem-partido da sua página, dos seus grupos
de relacionamento, dos seus bate-papos. Só aceite falar com indivíduos!Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
E a gente aindareclamava, antes dessa gente chegar ao poder, hein!
Éramos felizes e não sabíamos! Mas um dia, isso acaba. ´Questão de tempo, deixa só o povo se conscientizar de que a classe "C" que o petismo lhe entregou de bandeja, o está enforcando de tantas dívidas. Ninguém vive de ilusões a vida inteira. Sem trabalho digno, educação, saúde e obras de infraestrutura, não há classe "C" que sobreviva, só com a sugestão de que podem tudo.
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