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No Domingo de Páscoa

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sábado, 14 de abril de 2012

"Demóstenes parece ser apenas a ponta do iceberg"

Por Ruy Fabiano

Tornou-se lugar comum no Congresso a frase: "sabe-se como começa uma CPI, mas não se sabe como termina". Soa como advertência aos partidos para que pensem bem antes de propô-la.
Curiosamente, a advertência não funcionou em relação às denúncias envolvendo as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com parlamentares.
O PT, que no passado, por estar na oposição, jamais levou a frase em conta, mas que passou a considerá-la após chegar ao poder, decidiu apoiá-la - e promovê-la.
Afinal, à frente das denúncias está um peso-pesado da oposição, o senador Demóstenes Torres, do DEM. Ocorre que Demóstenes parece ser apenas a ponta do iceberg. Pelo desdobrar das denúncias, a relação incestuosa é bem mais abrangente - e perigosa.
Envolve, senão todos, ao menos os principais partidos, do governo e da oposição. Diz-se que o ex-presidente Lula exultou ao ver o governador de Goiás, o tucano Marcone Perillo, entre os suspeitos.
Perillo é um velho inimigo pessoal seu, assim tornado desde que revelou tê-lo informado da existência do Mensalão, dias depois de este ter negado conhecê-lo.
Ocorre que as suspeitas que pairam agora sobre Perillo são infinitamente menores que as que assombram o governador petista de Brasília, Agnelo Queiroz. Não dá para mexer em um sem mexer no outro.
Enquanto em relação a Perillo há, até aqui, suspeitas, Agnelo apresenta indícios bem mais concretos, com documentos e testemunhas.
Diz-se que a CPI serviria de cortina de fumaça para o Mensalão. Teria sido, inclusive, pensada e proposta nesses termos pelo senador petista Walter Pinheiro (BA), agora acusado de ter se precipitado.
Ora, o Mensalão é escândalo com vôo próprio, que não será esquecido ou minimizado pelo surgimento de outro, ainda que este venha se revelar (o que é improvável) de proporções equivalentes ou mesmo maiores. Quem assim pensou não merece o título de estrategista.
É possível que se dê até efeito oposto, em que um escândalo alimente o outro, com personagens graúdos presentes em ambos.
A CPI, por isso mesmo, é bem-vinda ao público, que terá mais uma chance de conhecer melhor as entranhas de um sistema que sustenta com seus impostos e legitima com o seu voto.
Para os políticos, porém, será um novo e constrangedor striptease, que, além de desgastá-los (inclusive os bons, que os há) ainda mais perante o público, mostrará o que poderia ter sido evitado (ou ao menos atenuado) se tivessem cuidado de promover a reforma política, posta como prioridade desde o advento da redemocratização, já lá se vão 26 anos.
Vai ser um banho de cachoeira.
* Ruy Fabiano é jornalista

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