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No Domingo de Páscoa

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domingo, 29 de abril de 2012

"CPI une Collor e Lula"


Por Mary Zaidan
Quase vinte anos depois da CPI de PC Farias, que apeou pelo ex-Lula há duas décadas, aliados. Se depois que chegaram ao poder, perdões e gentilezas tornaram-se freqüentes, na CPI mista de Cachoeira, PT e Collor, de novo com o aval de Lula, confessam a mesma cartilha e inimigos em comum, a começar pela mídia.
Em discurso eloqüente, olhos esbugalhados, que fez lembrar os tempos irados em que, num equívoco letal, convocou os brasileiros a sair às ruas de verde e amarelo, colhendo cidades cobertas de cidadãos vestidos de preto, o senador Collor de Mello expôs todo o seu ódio contra CPIs, transformadas em "tribunais de inquisição".
E, ainda com mais ênfase, contra a imprensa. Chamou jornalistas de "rabiscadores", gente que produz "notícias falsas ou distorcidas".
Um elo a mais a unir Lula e Collor. Um purga sua mágoa pela Presidência perdida, outro, pelo processo do Mensalão, maior escândalo da República, com poderes de lhe macular a majestade.
Os métodos de ambos se assemelham: flagrados, fingem que não é com eles, atacam a imprensa e protegem comparsas.
Collor nunca falou nada sobre PC Farias, a Operação Uruguai ou a prova menor, o Fiat Elba, gota d’água da cassação de seus direitos políticos.
Lula falou demais, mas o intuito era o mesmo. Primeiro se disse traído pelos seus. Depois, garantiu que o mensalão não passava de caixa 2, inventando a tese de que um crime se torna menor quando todo mundo o comete. Algo absurdo na boca de qualquer um, quanto mais de alguém que à época era o número um do país.
A teoria da vez é a de que o mensalão é farsa, uma armação da direita com apoio da grande mídia. Nela, Collor é, de novo, aliado de primeira grandeza. A ele cabe bater forte na imprensa, tentar desacreditar o carteiro para não precisar discutir o conteúdo da carta.
Os dois ex-presidentes, que nas primeiras eleições diretas depois da ditadura militar mobilizaram o país por suas diferenças ideológicas, se unem na sordidez.
Collor renunciou antes de sofrer o impeachment e teve seus direitos políticos cassados por oito anos. Atira para todos os lados, tenta vingar-se. Aposta na hipótese pouco provável de passar para a história como vítima de injustiça.
Lula, de olho no perdão prévio, alimenta as esperanças do ex-inimigo.
Cada um modela suas versões de acordo com a conveniência.
A corrupção, a malversação com dinheiro público, os desvios, a evasão de dólares para o exterior, o mensalão. Isso tudo que se dane. São apenas fatos. Coisa de jornalista. 
* Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais 'O Globo' e 'O Estado de S. Paulo', em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa 




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