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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

"Fora da bolha, pé na lama"

Por Reinaldo Azevedo
A presidente Dilma Rousseff pisou num pouquinho na lama ontem. Sobrevoou a região serrana do Rio, devastada pelas chuvas e por deslizamentos. Os mortos confirmados já passam de 500 - 506 enquanto escrevo -, e se estima que esse número possa aumentar. Há muitas pessoas ainda dadas como desaparecidas. A imprensa já chama de "a maior tragédia climática" do país.
Dilma teve de interromper o seu governo quase clandestino, aquele cuja grande eficiência consistia em ser discreto, em não aparecer. Quanto menos ela falava, mais essa atitude se confundia com uma misteriosa competência, contrastando essa discrição com o comportamento sempre buliçoso do antecessor. O desastre a fez sair da bolha de plástico. Teve de sobrevoar um país muito diferente daquele cantado em prosa e verso patrióticos na campanha eleitoral.
Na entrevista coletiva concedida em seguida, a presidente afirmou que moradias em áreas irregulares no país são a regra, não a exceção. Trata-se, obviamente, de um exagero, mas vá lá. Ela tinha de dizer alguma coisa, e essa generalização não tem grande importância. Embora mais comedida do que Lula na retórica, mostrou que já tem destreza em jogar o peso nos ombros alheios. E se saiu com uma frase que, no fim das contas, está na raiz do desastre: "Quando não se têm políticas de habitação, a pessoa que ganha até dois salários mínimos vai morar onde? Vai morar onde não pode, porque é justamente as regiões que estão desabitadas".
Aí as coisas se complicam de diversos modos. De imediato, é preciso lembrar que este é o 9º ano de governo petista, o primeiro em que Dilma é a titular. Mas aprendemos que ela era o braço direito do então presidente Lula, não? Tem-se assumidamente uma gestão de continuidade. A ser assim, o seu partido e ela própria são co-responsáveis pela ausência dessa política.
Nesse momento, um petista apressado pode saltar da cadeira: "Epa! Nós não! Olhem ai o programa Minha Casa, Minha Vida". Pois é… No seu lançamento - basta proceder a uma pesquisa na Internet para constatar a verdade -, Lula e Dilma prometeram um milhão de casas até o fim de 2010. Depois deixaram de falar em prazo. O programa entregou pouco mais de 20% disso. E só umas 3 mil unidades eram de fato destinadas a populações de baixa renda, essa que ganha até dois salários mínimos a que ela se referiu.
Na campanha eleitoral, esse milhão de casas foi tratado como coisa já realizada e entregue e se prometeram mais dois milhões… Reparem: não estou aqui a dizer que o PT deveria ter zerado o déficit habitacional em oito anos; tampouco espero ou acredito que possa fazê-lo em 12. Estou cumprindo uma das tarefas do jornalismo: contrastando a linguagem das promessas com a linguagem dos fatos.
Mas a fala da presidente não é ruim só por isso. Pautada certamente pelo "pensamento social", ela, na prática, justifica as ocupações irregulares, que seu companheiro de mesa, Sérgio Cabral, condenava - não exatamente por virtude, mas por vício. Ora, por que várias esferas do poder público foram lenientes com as ocupações ilegais e as moradias nas áreas de risco? Porque as pessoas não teriam outra opção… A ser assim e até que o Estado não provenha, então, casa para todos os pobres, as ocupações desordenadas continuarão a existir. Se os prefeitos, Brasil afora, percorrerem a trilha por onde passa o raciocínio de Dilma, deixarão proliferar as invasões, e não haverá política pública que chegue. Restará, a cada ano, a terrível tarefa de tirar corpos da lama.
Boa parte da imprensa trata Dilma Rousseff como uma novidade. Nem parece que se trata da ministra que concentrava enorme poder no governo Lula. Por ela passavam os grandes projetos de infra-estrutura do país. Estamos, insisto, no nono ano do governo petista. Não dá para fazer de conta que ela não foi beneficiária da fantasia do país que estava a um passo de resolver todos os seus problemas. Restaria só uma pequena franja de pobreza absoluta e pronto! E, como se nota, as coisas não são bem assim.
Esta pode ser a maior "tragédia climática" do Brasil, sem dúvida, mas também é uma tragédia construída por mãos humanas. Boa parte das pessoas que morreram não poderia estar onde estava, morar onde morava. Problemas dessa magnitude não se resolvem da noite para o dia nem de um ano para outro, sabemos. Mas cumpre indagar: o que foi feito dos planos e das "decisões firmes" tomadas em 2010, quando se deram as tragédias de Angra dos Reis e do Morro do Bumba, em Niterói? Boa parte do dinheiro federal prometido pelo governo de Dilma Rousseff (sim, já era seu governo) não chegou ao destino. A falha parece ter sido também do governo Cabral.
Vamos ver. O PT está há quase uma década no poder. Na ponta do lápis, já supera o PSDB, seu arqui-rival. O Brasil que foi abaixo na região serrana do Rio não é o país "dos outros"; ele é tão “petista” quanto aquele que serviu ao canto patriótico da dupla Lula-Dilma na campanha eleitoral.
Fonte: "Blogo Reinaldo Azevedo"

Um comentário:

Mariana disse...

Ela falou como que demonstrando saber dos problemas de moradia nas encostas, como "uma regra e não excessão", sem que a sua gente petista, que governou durante tantos anos fizesse nada a respeito. E ainda tentou dar uma espetadela na turma da oposição, fazendo mais uma vez, propaganda das casas do (Minha casa ...) , dizendo que jamais foram construídas em locais perigosos.
Sabe aquela "dívida" que o ministério dos negros tenta nos cobrar a vida inteira por conta de nossos antepassados brancos? Ela e sua turma tentam fazer o mesmo com FHC e as oposições ao seu PT. É um absurdo, uma cretinice. Tudo o que acontecer de ruim, será culpa de FHC, ainda que fiquem 20anos(credo)no govêrno.