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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"A Guerrilha da Esquerda Baiana Contra a Ditadura"

O jornalista Wilson Mário Pinheiro Silva fará a defesa da sua monografia, na segunda-feira, 22, às 19 horas, na Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana (Unef), concluindo o curso de Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo. A abordagem do trabalho científico enfoca "A Guerrilha da Esquerda Baiana Contra a Ditadura: (Des)contando a Vida de Luiz Antônio Santa Bárbara (Foto: Reprodução) - 1964-1973".
Após a banca de defesa será realizada uma plenária para debater sobre militância de esquerda em Feira de Santana e na Bahia no período da ditadura militar. A plenária terá participações de ex-exilados, ex-presos políticos, militantes de organizações de esquerda, estudantes universitários, além de professores da Unef, Universidade Federal da Bahia (Ufba), e Faculdade Anísio Teixeira (FAT).
A opção epistemológica para narrar a historia de Luiz Antônio Santa Bárbara na guerrilha da esquerda baiana, entre os anos 1964 e 1973, foi o materialismo histórico dialético. Nessa seara quanto à discussão da militância da esquerda no Brasil durante a ditadura militar, insere-se a monografia na seguinte lacuna: qual foi a contribuição de Luiz Antônio Santa Bárbara, integrante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8), para a guerrilha da esquerda baiana contra a ditadura? Sobre este tema a literatura é escassa e a produção científica não existe. Por isso, considerou, Wilson Mário Silva que tal pesquisa possa contribuir para a construção de um referencial científico e histórico sobre sua morte e a guerrilha da esquerda baiana entre os anos de 1964 e 1973 contra a ditadura civil-militar.
Foi preciso fazer uso da história, para compreender as versões apresentadas pelo regime militar, Polícia Federal, os relatos dos que sobreviveram à luta armada na Bahia, os militantes de esquerda, dos familiares dos mortos e a dos habitantes das áreas da guerrilha quanto a morte de Santa Bárbara.
Inevitavelmente, esse trabalho foi além do período de 1964 a 1973, pois volta-se para a sua infância e adolescência, a fim de compreender algumas escolhas que Santa Bárbara tomou como militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), depois integrante da Dissidência da Bahia do PCB e, finalmente, a sua participação numa organização da esquerda armada para combate o regime militar, o MR-8.
A itinerância de Santa Bárbara durante o regime militar foi típica de muitos militantes de esquerda. O que o torna específico é sua relação com a comunicação que foi estruturante na sua resistência ao Estado ditador brasileiro. Percebe-se a comunicação em diversos momentos de Santa Bárbara: ele era um dos integrantes da imprensa brasileira. Luis Antônio Santa Bárbara começou em 1961 a exercer a função de auxiliar de tipógrafo no jornal "Gazeta do Povo". Depois se profissionalizou e foi ser tipógrafo na "Folha do Norte". Tomou gosto pelo jornalismo e como estudante secundarista esteve à frente de diversos jornais estudantis do Colégio Estadual e do Ginásio Municipal de Feira de Santana. Santa Bárbara era aquele jovem que fazendo a composição do textos, letra por letra, palavra por palavra, não despertou nos colegas jornalistas a necessidade de apurar as circunstâncias da sua morte.
Essa parte da história de Luiz Antônio Santa Bárbara, entre 1968 e 1973, interessou ao pesquisador “muito pelo fato de que essa narrativa poderia ter sido a minha história de vida caso não tivesse saído dos movimentos estudantis para iniciar minha carreira profissional. Nossas histórias cruzaram-se até o final de 1969, fomos companheiros de militância estudantil”.
Esclarece o jornalista Wilson Mário que o Golpe Militar-Civil de 1964, que derrubou o governo do presidente João Goulart, no dia 31 de março, provocou alterações profundas em sua vida. “O envolvimento do meu pai, Walter Livramento Silva, ex-tabelião de notas e militante político de esquerda, com Francisco Pinto resultou, para ele, em intermináveis interrogatórios no Quartel Geral da VI Região Militar. Ele já ia para lá levando pijama, escova de dente e pasta dental. Perseguido pelo então prefeito Joselito Falcão de Amorim, os reflexos foram danosos para nossa família. Passamos por inúmeras dificuldades financeiras. E ficar sabendo que tudo aquilo era resultado de uma disputa política me empurrou para a militância estudantil. Entre os anos de 1967 e 1968, a minha vida estudantil cruza com a vida de Luiz Antônio Santa Bárbara”.
Luiz Antônio Santa Bárbara estudou no Ginásio Municipal Joselito Falcão de Amorim, onde foi dirigente do Grêmio Estudantil Afrânio Peixoto. Na sua passagem pelo Colégio Estadual, entre os anos 1962, 1963, 1964 e 1969, tornou-se um agitador político e um dos líderes da classe. Planfetário, era dele a responsabilidade de ir para os portões dos colégios de Feira de Santana convocar os estudantes, a partir do ano de 1968, para reagir e protestar contra a celebração do acordo MEC/Usaid, assinado pelo então ministro da Educação Tarso Dutra e o governo norte-americano.
Ainda em 1969, a direção do MR-8 decide que Santa Bárbara deveria atuar e morar em Salvador. Em março de 1971, foi o primeiro quadro da organização armada a ser deslocado para o município de Brotas de Macaúbas, indo para a localidade de Buriti Cristalino. Foi para lá que também foi levado, pelo MR-8, em 29 de junho de 1971, Carlos Lamarca, que seria um dos integrantes da guerrilha rural da Bahia. Luiz Antônio Santa Bárbara morre no cerco em que as forças civis e militares fizeram a Buriti Cristalino, através da Operação Pajussara, na manhã do dia 28 de agosto de 1971.
(Com informações de Wilson Mário Silva)

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