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No Domingo de Páscoa

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"Para onde vão os partidos socialistas europeus?"

Extraído do "Ex-Blog do César Maia" - De Sami Naïr, professor da Universidad Pablo de Olavide de Sevilla (trechos - El País, 13/10)
1. Em primeiro lugar, os partidos socialistas concordaram nos anos 90 a adaptar-se à globalização liberal (terceira via ou cultura de governo), não só sem oferecer um projeto alternativo para seu eleitorado central (classe média e classes populares), mas também sem entender todas as consequências ideológicas desta opção. Com isso, mutilaram gravemente sua própria identidade. Daí o paradoxo atual: são arrastados pela crise do liberalismo, enquanto a direita liberal não hesitará em aplicar as receitas tradicionais do Welfare State para fazer frente à tempestade. Dito de outra forma, a direita se mostra mais pragmática do que a esquerda, que, depois de ter perdido a sua identidade socialista, acreditava plenamente nas virtudes do social liberalismo.
2. Em segundo lugar, em todas as partes da Europa Ocidental, os partidos socialistas não sabem como reagir à tendência "direitista" na sociedade, que é o resultado da instabilidade criada pela desregulamentação econômica e social dos últimos anos, e que é representado por uma forte demanda por segurança (social, econômica e de identidade), e um retorno ao nacionalismo. Estas duas tendências básicas que vemos em toda parte, expressam na verdade uma grave crise de identidade da social-democracia: não tem qualquer projeto específico.
3. Assim que a vitória do liberalismo nestes últimos 15 anos não foi só econômica; foi também e, sobretudo, ideológica e cultural. A esquerda já não tem nem conceitos, nem métodos, nem visão para entender o mundo e agir. Tem cada vez mais dificuldade para diferenciar-se qualitativamente da direita. Além disso, essa falta de projeto não pode ser mascarada por uma retórica de defesa dos “valores". Pois, se a esquerda continua a acreditar nos seus "valores" (de solidariedade, igualdade, liberdade e tolerância), também sabemos há muito tempo que os invocam mais facilmente na oposição, já que, freqüentemente, se esquece deles quando está no governo.
4. Os partidos socialistas estão enfrentando um dilema trágico: ou inventam um novo programa ou morrerão lentamente. O que fazer sobre a crise da globalização liberal? O que fazer com a rejeição de que é objeto a Europa liberal? O que fazer ante o ceticismo e o afastamento das classes populares e médias? A proposta de um novo Welfare State europeu, mais necessário do que nunca, depende das respostas que os partidos socialistas serão capazes de dar a essas perguntas.
Tem cada vez mais dificuldade para diferenciar-se qualitativamente da direita. Além disso, essa falta de projeto não pode ser mascarada por uma retórica de defesa dos “valores". Pois, se a esquerda continua a acreditar nos seus "valores" (de solidariedade, igualdade, liberdade e tolerância), também sabemos há muito tempo que os invocam mais facilmente na oposição, já que, freqüentemente, se esquece deles quando está no governo.

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