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No Domingo de Páscoa

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Paulo Souto: a tragédia do PT na Bahia




Entrevista de Paulo Souto ao jornalista Alexandre Costa, publicada no "Bahia Notícias"
Foto: Max Haack/Bahia Notícias





Bahia Notícias - Quando o senhor se filia ao PSDB?
Paulo Souto - É preciso, antes de tudo, entender que sou presidente do Democratas. E sempre tenho procurado explicar o que aconteceu sobre essa coisa do PSDB de forma simples. As noticias que vieram de Brasília e São Paulo foram decorrentes de uma movimentação que existiu de muitos membros dos dois partidos no sentido de tentar fortalecer uma posição que seria altamente benéfica tanto para o PSDB quanto para o Democratas, já que ambos têm uma posição nacional comum e poderiam vir a ter uma posição comum também na Bahia, coisa que não está acontecendo. Mas eu diretamente não participei dessa movimentação, mas quem participou conhece que a minha posição é essa, de que os dois partidos precisam ter uma posição comum também na Bahia. É possível que a partir daí tenham surgido idéias de que isso deveria acontecer necessariamente com a minha ida para o PSDB.
BN - Mas o que há de concreto nisso?
PS - Eu nunca poderia ter pensado concretamente sobre isso antes que tivesse surgido uma manifestação do PSDB.
BN - Mas o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se manifestou publicamente favorável a isso. Ele não o procurou?
PS - Não. Apenas li na imprensa as declarações dele de que eu seria bem vindo.
BN - E se o senhor for convidado, o senhor se filia ao PSDB?
PS - Não quero falar a respeito de hipóteses. Na hora de surgir o convite vou pensar e avaliar os cenários. Agora, o que quero insistir sempre é que, do meu ponto de vista, seria altamente desejável que os dois partidos tivessem, sem qualquer restrição, uma posição comum.
BN - Inclusive sobre a sua possível ida para o PSDB?
PS - Mas como disse, ainda não há nada de concreto sobre isso.
BN - Mas o presidente nacional do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que veta uma ida do senhor para o PSDB. Ele tratou disso com o senhor?
PS - Também não. Ninguém tratou comigo sobre isso, essa que é a verdade. Nem da direção nacional do Democratas nem do PSDB.
BN - O deputado Jutahy Júnior, que controla o PSDB da Bahia, também já disse ser favorável à filiação do senhor ao PSDB.
PS - Olha, não quero de forma nenhuma interpretar posições de um membro de um outro partido. O que é uma constatação é que realmente as declarações dele foram mais amenas do que seriam no passado.
BN - A oposição está se arrumando para 2010. O DEM está ao lado do PR do senador César Borges. Quais são as chances, na avaliação do senhor, do PMDB fazer parte desse “time”?
PS - Não posso inferir sobre posições de outros partidos. O que aconteceu com relação ao PMDB é que tivemos situações distintas na Bahia nas eleições deste ano. Em muitos municípios fomos adversários fortes. Em outros, houve alianças já no primeiro turno. Depois teve o episódio de Salvador, quando entendemos que, fora do segundo turno, a melhor solução seria apoiar o prefeito João Henrique (PMDB). É claro que isso tem facilitado as conversas entre os dois partidos. Mas a posição que o PMDB vai tomar será segundo a conveniência do PMDB no momento que achar que isso seja interessante para ele.
BN - Mas para o DEM é interessante ter o PMDB como aliado em 2010 não?
PS - Aliança é sempre interessante quando ela é boa para os dois partidos, e nunca apenas para um. Essas conversas sobre 2010 ainda não começaram efetivamente.
BN - Mas o prefeito João Henrique já defendeu uma aliança com o DEM em 2010, quando da visita que o prefeito de São Paulo, o democrata Gilberto Kassab, a Salvador, na segunda-feira da semana passada.
PS - Isso é normal. Aliás, não entendi porque toda a celeuma criada em função das declarações do prefeito. Claro que isso reflete uma posição individual dele, que sofreu hostilidades do PT nas eleições em Salvador e foi apoiado pelo Democratas. Ele apenas considerou uma possibilidade, mas existem várias outras possibilidades. Será que a partir de agora o prefeito vai ter de pedir licença ao governador quando for jantar com alguém que não faz parte da base de apoio do governo?
BN - O senhor não vê motivo para o rompimento do governador Jaques Wagner com o prefeito?
PS - Primeiro que eu não entendo essa história de rompimento de um governador com um prefeito. Segundo que o rompimento político na verdade começou quando o PT apresentou um candidato próprio na eleição em Salvador, quando tinha um aliado que era o candidato natural, que era o prefeito. Além disso, ficou evidente que a posição de neutralidade do governador não existiu. Posso resumir tudo isso da seguinte forma: o PT não quer que o PMDB faça com ele em 2010 o que o PT fez com o PMDB nas eleições municipais em Salvador.
BN - O governador nunca falou em rompimento concretamente. Quem falou foi um assessor do governador. O senhor acha esse tipo de atitude correta do ponto de vista político?
PS - O que me pareceu tudo isso é que houve uma posição e depois houve um recuo.
BN - O governador Wagner enxerga, no momento, um cenário com quatro candidatos em 2010, conforme entrevista ao Estadão: ele próprio, o senhor, o ministro da Integração, Geddel Vieira Lima (PMDB), e o prefeito João Henrique. O senhor acrescentaria mais alguém nesta lista?
PS – Quero agradecer ao governador a honra de ter falado o meu nome mas eu ainda não tomei essa decisão.
BN - Mas o senhor não é o candidato natural do DEM?
PS - Não sou eu que vou dizer isso. Esta cedo. Até agora só quem se colocou definitivamente (como candidato) foi o próprio governador.
BN - O ministro Geddel já insinuou, na medida em que disse que não será candidato a deputado federal novamente.
PS – É, mas ele pode ser muitas outras coisas.
BN - Na realidade só restaria ao ministro o governo, o Senado ou, numa hipótese mais remota, uma vice na chapa nacional do PT. Mas setores do PMDB querem ele candidato ao governo. O DEM apoiaria o ministro Geddel para o governo?
PS - O Democratas e o PMDB vão conversar agora neste período que vai vir. Qualquer decisão agora é prematura. Ninguém acredite numa posição com relação a 2010 tomada desde agora.
BN - O senhor descartaria uma candidatura sua ao Senado?
PS - Não, não descarto nada. Isso vai depender das alianças que vão ser feitas, quais as demandas de cada partido.
BN - O DEM pode não ter candidato ao Senado, coisa que não acontecia quando o partido era comandado na Bahia por Antonio Carlos Magalhães?
PS - O panorama político agora é outro. Mas uma coisa eu digo: o democratas vai ter candidato ao senado ou ao governo, seguramente. Sobretudo porque temos nomes qualificados e nunca podemos deixar de participar de uma chapa majoritária.
BN - O senhor acredita que o Planalto vai entrar no jogo para impedir uma aliança entre o DEM e o PMDB em 2010 na Bahia, onde o presidente Lula sempre teve excelentes votações? Fala-se até que a indicação de Geddel para a vice da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), a candidata de Lula em 2010, ajudaria a resolver problemas como o da Bahia.
PS - As relações do governo federal com o PMDB são muito mais complicadas do que a simples questão baiana. É uma relação muito mais complexa. Não é o problema da Bahia que vai determinar isso. O PMDB é um partido de faces muito variadas em todo o país.
BN - O senhor teme que o DEM perca quadros eleitos agora este ano. O prefeito eleito pelo partido de Itabuna, Capitão Azevedo, está mesmo deixando O DEM?
PS - Primeiro é preciso entender que a legislação da fidelidade partidária é muito rigorosa. Segundo, não vi nenhuma manifestação de qualquer um dos nossos prefeitos eleitos com relação a mudança de partido. Ao menos comigo ninguém nunca tratou disso.
BN - Que pontos positivos o senhor destacaria no governo Wagner?
PS - Vejo hoje, por exemplo, que o governo concluiu, na área de estradas, todas as obras que eram importantes e que haviam sido iniciadas ainda no programa Corredores Rodoviários 2. Ele também iniciou um programa novo de algumas estradas de ligação com algumas sedes municipais. Da mesma forma, o governo federal tem colocado disponíveis recursos importantes para a área de saneamento.
BN - E quais os pontos negativos?
PS – Tem coisas que são realmente inusitadas. Você imaginar que, com dois anos, o governo não tenha iniciado a obra de uma única nova escola na Bahia por iniciativa dele próprio impressiona. Você imaginar que, na área de assistência de saúde, vai se cncluir precariamente apenas dois hospitais cujas obras foram iniciados na gestão passada também impressiona. Agora é que se fala no Hospital de Feira de Santana, prometido na campanha, cujas obras vão começar com dois anos de governo. Não conheço, por exemplo, uma única nova barragem iniciada no governo. E o mais grave é a questão da segurança pública. Em 2007, o aumento de homicídios na região metropolitana de Salvador foi de 40%. Agora, o governo comemorou que o crescimento foi de apenas 30%, quando, na realidade, isso é uma tragédia.
BN - Qual vai ser a posição do DEM nas eleições para a presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB)? O caminho é a aliança com o PMDB?
PS - As conversas estão sendo conduzidas pelos prefeitos. Naturalmente que entendo que o que deve ser feito é a busca por alianças para enfrentar o candidato do governo do estado. Essa aliança pode ser sim com o PMDB.
BN - E na Assembléia Legislativa, o DEM vai ter candidato próprio, apoiar o PMDB ou o atual presidente Marcelo Nilo (PSDB)?
PS – Podemos ter candidato sim. Mas o mais importante é que a gente ajude a aglutinar o maior número possível de deputados para enfrentar a reeleição do atual presidente. Eu vejo que existem partidos e parlamentares dispostos a isso e é preciso ver quem tem maior poder de aglutinação de forças. Vamos trabalhar por uma chapa competitiva. O PR, ao que me parece, está disposto a isso, tanto quanto o Democratas e o PMDB, que já disse que não vai apoiar Marcelo Nilo.
BN - Voltando um pouco no tempo governador. Se o antigo PFL, hoje DEM, tivesse se aproximado em 2006 ao PMDB, o que não ocorreu principalmente por conta das divergências entre o senador Antonio Carlos Magalhães e Geddel, aquela eleição poderia ter tido um resultado diferente?
PS - Não coloco dessa forma essa história de dizer que uma aliança com o PMDB foi impedida pelo governador Antonio Carlos. Eu, por exemplo nunca levei essa questão a Antonio Carlos. A verdade é que existiam dificuldades de aproximação. Mas ainda acho que o maior problema em 2006 foi realmente uma força muito grande do presidente da República, que conseguiu alterar o resultado daquela eleição.

Um comentário:

Anônimo disse...

ESSE PAULO SOUTO É UM POLÍTICO DE PRIMEIRA LINHA! PARABÉNS P. SOUTO! CONCORDO COM TODAS AS AFIRMAÇÕES DELE, INCLUSIVE REITERO A DE QUE O GOVERNO DA BAHIA ESTÁ SENDO UMA TRAGÉDIA MESMO!! NUNCA NO ESTADO DA BAHIA UM GOVERNADOR FEZ TÃO POUCO PELO NOSSO ESTADO... NEM EDUCAÇÃO, NEM SAÚDE E MUITO MENOS SEGURANÇA PQ O CARIOCA NÃO SABE QUE ESSAS AREAS ESTÃO INTRINSECAMENTE INTERLIGADAS... SE NÃO HÁ ESCOLAS, CURSOS, INCENTIVO À CULTURA É LÓGICO QUE NÃO PODERÁ HAVER SAÚDE INTEGRAL MUITO MENOS SEGURANÇA PÚBLICA... A BAHIA ESTÁ TRISTE, NUM DESCASO TOTAL... ASSASSINATOS ACONTECENDO POR SEGUNDOS... ELES CAMUFLAM TUDO NAS ESTATÍSTICAS, MAS OS BAIANOS ESTÃO MORRENDO DEVIDO À FALTA DE AÇÃO DESSE GOVERNO APÁTICO E FANTASMAGÓRICO.. IGUAL Á ESSE WAGAREZZA SÓ O WALDIR MOLEZA... TRISTE BAHIA!!!