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9 a 15 de maio - 14 - 17 - 20

terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Wagner é antiético; Pinheiro está derrotado"

Deu no "Bahia Notícias", do jornalista Samuel Celestino:
O deputado estadual Heraldo Rocha, líder do Democratas na Assembléia Legislativa, considerou as declarações do governador Jaques Wagner contra o senador César Borges (PR) desrespeitosas. "Faltou ética, classe e respeito à liturgia do cargo. Foi desastrosa a observação do governador e que revela o seu desespero ao atacar um senador em defesa de um candidato que já se mostra derrotado na capital baiana”. Para ele o governador teria que ter consideração a todos os baianos, principalmente ao senador da República. No sábado (11), Borges declarou apoio à candidatura de João Henrique (PMDB) e é apontado como responsável pelo afastamento do PR da base do governo na Bahia, já que o partido apóia a administração do presidente Lula em nível nacional.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quem conhece J. Wagner são os cariocas... o cara só sabe enrolar... veja essa entrevista de 2007... analise: será que ele fez 10% do que disse ou o governo dele é pura embromação???



http://www.tribunadabahia.com.br/



PAC vai destinar R$ 1,3 bi para obras na Bahia



O governador Jaques Wagner já nos aguardava na varanda do Palácio de Ondina. A entrevista tinha sido marcada para às 10h. Chegamos às 10h30. O pneu do carro furou no meio do caminho. Nem por isso houve cara feia. Fomos recebidos com um sorriso por um Wagner esportemente vestido. Passava algumas ordens pelo celular. Mal desligou o aparelho e veio o inesperado convite: “Vocês já conhecem as dependências do palácio”? Nem precisamos responder. Logo, solícito, nosso ilustre anfitrião abriu todas as portas para que conhecêssemos, em detalhes, as salas, os gabinetes de trabalho, os locais de reuniões. No seu gabinete há em destaque numa moldura uma frase que diz mais ou menos o seguinte: é possível se fazer o impossível. A eleição de Wagner é um exemplo de quanto foram importantes a sua perseverança e determinação. Quando todos achavam que o placar estava selado em torno do seu adversário, o jogo acabou sendo invertido. Antes de retornarmos à varanda, a primeira-dama, Fátima Mendonça, nos dá as boas vindas. “Apertem o homem”, diz, esbanjando simpatia. E sai apressada para um compromisso. A TB e Wagner conversaram por pouco mais de uma hora. O governador, que tenta implantar uma nova cultura política na Bahia, falou sobre tudo: educação (voltou a condenar a greve dos professores), programas sociais, previsão para o futuro, política, segurança pública, infra-estrutura e saúde. Tem um pensamento rápido e uma memória impressionantes, embora só se lembrasse de pedir o cafezinho e a água (de coco) quase no término da entrevista. Mas não seria por esse lapso que nós, jornalistas, com uma sede infernal, iríamos reclamar. Nem podíamos. Chegamos atrasados à entrevista, lembram? (Por Janio Lopo e Raiane Verissímo)



Entrevista


Tribuna da Bahia - O senhor não gosta muito de fazer estas avaliações de governo diante de tão pouco tempo de administração. Mas qual sua avaliação desses seis primeiros meses?

Jaques Wagner - O tempo da política é diferente do tempo da economia, mas eu acho natural, a imprensa querer fazer este balanço. Faz 100 dias, depois seis meses, eu acho que o tempo razoável de avaliação é de um ano, principalmente para um governo que chega substituindo um governo de 16, 20, 30 anos, numa máquina que funcionava no mesmo estilo. De qualquer forma, a minha avaliação é positiva, porque mesmo com o governo chegando com muitos restos a pagar e vários problemas conseguimos controlar essa área financeira do governo, portanto, estamos conseguindo administrar essa questão mantendo os pagamentos, pelo menos os nossos em dia, e tentando honrar pagamentos antigos. Eu considero que o movimento em relação a Cesta do Povo foi até agora vitorioso, porque tínhamos recebido a Cesta do Povo que, na minha opinião, creio que eles estavam preparando para fechá-la e conseguimos recuperá-la e estamos apostando nesta recuperação.

TB - E nos outros setores tidos como prioritários?

JW - Na área da Saúde, por exemplo, há um sentimento claro de mudanças e compreensão em relação à saúde. Aquele ato de abril, em que nós assinamos no Centro de Convenções a transferência de fundo a fundo do dinheiro do SUS que era uma coisa que acontecia normalmente no Brasil há 12, 13 anos, e aqui não. Por conta de uma concepção atrasada que era manter o dinheiro trancado na mão para poder dar a direção, nós mudamos. Retomamos o hospital de Irecê, o Ana Nery e eu diria que está em curso uma visão diferenciada, visando totalmente o fortalecimento do SUS.

TB - Apesar desses avanços, há algumas dificuldades no governo, como por exemplo, esta greve dos professores que já persiste há quase dois meses. Seria este o maior desafio em sua administração?

JW - Primeiro, para mim, a educação é uma prioridade. Quero crer que também para os professores, até porque sabemos que a educação pública baiana é tida, por dados efetivos, como a pior, além do maior contingente de analfabetos. Então, esse desafio não é somente do governo, é também dos educadores, dos prefeitos e da sociedade civil como um todo. Então, materializando isso nós lançamos um programa que é o Todos pela Educação, com a adesão de mais de 300 municípios, além de alguns segmentos empresariais dispostos a contribuir nesta luta contra o analfabetismo.

TB - Qual o quadro da educação no Estado?

JW - Agora, vou repetir, eu peguei a pior educação pública do País, isso não pode construir da noite pelo dia, isto foi destruído ao longo dos anos, de desestímulo ao professorado, a qualificação, de manipulação de dados de uma série de programas, mas estou apostando tudo na educação. Sinceramente, não diria que é o maior problema, considero que é uma coisa surreal. Porque estamos com o maior reajuste do País, fizemos pela primeira vez na história da Bahia, uma negociação pública com mesa aberta de negociação coletiva. Dez sindicatos assinaram, a Assembléia Legislativa aprovou e quero deixar claro que a greve dos professores começou no dia 8 de maio, no mesmo dia em que estávamos lançando o programa Todos pela Alfabetização, ou seja, com uma conotação claramente de confronto gratuito, porque eles sabem do meu compromisso com a educação. Eu trouxe o ministro da Educação, que ficou impressionado com a mobilização em torno da educação e, estranhamente, os educadores que deveriam estar se abraçando nesta causa para sair desta marca de pior educação do País entraram em greve naquele dia. Eu trouxe uma pessoa, eles gostando ou não, para a pasta que é consultor da ONU em educação, que era do Conselho Federal de Educação, foi oito anos secretário de Educação em Itabuna e, curiosamente, no dia em que o ministro estava aqui eles lançam essa greve de advertência que foi se estendendo. A minha sensação é que as pessoas não souberam mais como sair. É bom dizer que a última assembléia da última quarta-feira, a direção da APLB defendeu o fim e, como se diz na gíria do movimento, atropelado.

TB - O senhor estaria sendo vítima do fogo amigo?

JW - Não. Eu acho que o nosso povo que veio da oposição leva um certo tempo para se habituar a ser governo, o que é normal. Quem atua no PT ou mesmo no PCdoB, nós fomos educados a ser oposição e, de repente, você vira governo, muda muita coisa. Você vira vitrine ao invés de ser estilingue, então as pessoas, no primeiro momento, se assustam, mas eu não tenho o que reclamar. A bancada tem sustentado a posição do governo. Eu não diria fogo amigo porque todos os partidos deram declaração, acho que só o PCdoB ainda não, mas todos os partidos se declararam contra a greve. Eu próprio defendo que o movimento sindical tem sua autonomia.

TB - Mas houve o episódio protagonizado pelo deputado Javier Alfaya (PCdoB), elevando de 4,5% para 17,28 os salários dos professores.

JW - O único episódio que poderia ser chamado de fogo amigo foi a história da emenda de Javier (deputado estadual Javier Alfaya, ligado a APLB), entendo porque ele fez isso do ponto vista político, não sou nenhuma ditador para ficar julgando ou condenando alguém, mas evidentemente não concordo. Ele é da base de sustentação do governo, toda uma base também tem ligação com os professores, mas com muita franqueza, nós poderíamos chegar esse ano, aliás, seria normal diante da situação encontrada no governo e dissesse; primeiro ano, depois de 16 anos, nós nos identificamos com este governo, trabalhamos por ele, vamos dar uma trégua, mas no ano que vem sentamos na mesa. Poderíamos ter dado zero (de reajuste) como o presidente Lula fez no primeiro ano e ter, simplesmente, inaugurado a mesa de negociação das carreiras. Poderíamos dizer: eu não tenho dinheiro para dar reajuste, vamos organizar as carreiras, mas fizemos mais do que isso. Nós demos a inflação de 1,2% e um reajuste que vai até 17%, atendendo uma reivindicação deles, que eu concordava, que era o fato de não ter aqui nenhum servidor com vencimento básico abaixo do mínimo e foi isso que os irritou.

TB - Onde está o xis da questão?

JW - A bandeira que eles estão reclamando é o fato de eu ter subido o piso e o internível ficou espremido, o que também não é verdade, porque é dividido entre R$ 1 mil, R$ 1.050, R$ 1.350 e R$ 1.650, então o fato de quem tem o nível universitário, se passa de R$ 1 mil para R$ 1.350, são 30%, o que é bastante razoável. Então hoje é um desafio, porque para mim é ruim, pois eu preferia ter uma relação de diálogo, acho que houve uma incompreensão em um primeiro momento, da direção da APLB, depois passou para um segmento, eu acho que no meio deste imprevisto, seguramente, algumas pessoas do grupo anterior que saíram das suas diretorias, portanto, agora, estão colocando pilha. Mas eu acho que vai chegar um momento que eles vão ter que voltar para a aula.

TB - Já começou na verdade, não é mesmo?

JW - Sim, mas a última semana foi pior ainda, porque o Ministério Público fez um movimento de compor a mesa de negociação, o que quero registrar sempre, o lado de que o governo nunca saiu da mesa de negociação. Todas as mesas setoriais estão acontecendo. Nós assinamos diante do Ministério Público um acordo, mesmo assim eles mantiveram a greve, então está virando um negócio irracional, na minha opinião. E eu disse a eles: vocês querem recompor o internível como? Vocês querem que eu tire o aumento dos salários mais baixos, porque é inimaginável que vocês queiram um aumento de 17% para todos, isso não existe e seria arrebentar as finanças do Estado completamente.

TB - Poderá haver demissões, caso os professores insistam em manter a greve?

JW - Nós não temos o menor interesse, nem está na minha cabeça em punição ou demissão de ninguém. Não sou uma pessoa de retaliação ou de rancor. Eu acho a greve injusta, inadequada, ninguém acha razoável em quatro meses cobrar o que nunca havia sido feito. Num levantamento que temos em 18 estados, o salário dos professores baianos está em quinto lugar. Eu fiz uma convocação aos professores e esse debate político. Muitas vezes eu gostaria de tirar o terno de governador e ir debater lá na Assembléia. Na terra de Anísio, Ruy Barbosa, Castro Alves, eu acho uma vergonha, como governador, estar administrando um Estado com estes dados. Na minha opinião não tem nenhum senso político para quem é professor, depois de 16 anos de um governo que enterrou a Bahia com o maior número de analfabetos, com a pior educação do País e com a menor renda per capita de universidade federal, já que a UFRB e a Univasf só estão aqui por conta de quando éramos oposição. O que me alegraria é que a APLB tivesse pedido uma reunião comigo e dissesse que estava com o governo e iria tirar o Estado nesse buraco que se encontra a educação. Aí eu dou 4,5% a 17%, tiro o buraco de ter aqui um piso abaixo do salário mínimo e ainda os professores estão há quase 60 dias em greve, sinto muito em dizer, mas não tem nenhuma lógica, nem de reivindicação salarial e piorou se falar de projeto político, porque eu não estou aqui para governar e ir embora, estou aqui para plantar um projeto político diferente neste Estado que tinha 40 anos de ditadura.

TB - Diante disso tudo na educação, esse teria sido então o maior problema no governo?

JW - Não diria o maior problema, mas esse sem dúvida nenhuma, foi o maior transtorno do governo. Entre todas as outras coisas, como o Reda em que a seleção demorou mais do que gostaríamos. Para tirar a Coopamed a resistência foi maior do que imaginávamos, mas conseguirmos superar todos esses empecilhos, a sociedade foi entendendo, a Coopamed foi uma decisão judicial. Mas também temos outras áreas que estão bem, como a atração de novos investimentos. Na área de infra-estrutura estamos trabalhando com uma celeridade bastante razoável, se vier os R$ 200 milhões do empréstimo do Banco Mundial poderemos investir nas estradas do Estado, em que recebemos uma malha rodoviária com 90% acabada. Na saúde, por exemplo, deveremos lançar a licitação do Hospital da Criança de Feira de Santana.

TB - E a Segurança Pública no Estado?

JW - A Segurança Pública, no campo de transtorno, sem dúvida nenhuma, é o maior desafio de todo o Brasil. Nós nos municiamos de uma equipe que consideramos boa, que vem de uma escola bem avaliada que é da Polícia Federal, estamos chamando mais pessoas concursadas na área da Polícia Militar. Estamos fortalecendo nossa área de inteligência na área do combate ao crime organizado, mas ao mesmo tempo falta ainda muita coisa. Como equipar melhor a Polícia Militar, como carros, faltam coletes à prova de bala, então é uma coisa que estamos buscando na parceria com o governo federal, além de aumentar nosso orçamento. É uma área que eu acho extremamente delicada, não tem saída fácil, é um desafio forte. Fizemos uma reunião e assinamos com o ministro da Justiça uma parceria com os secretários de Segurança do Nordeste e o secretário da Força Nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando, para que compartilhemos as informações e ações no combate ao crime organizado para ter uma sinergia. A mensagem que eu dei é muito clara que é o processo de despartirização das Polícias Militar e Civil, não é fácil, isso vai demorar um tempo, nem todo mundo compreende.

TB - Como assim?

JW - Estamos tentando aplicar aqui o que vi que deu certo na Polícia Federal, ou seja, dar um grau de profissionalização e autonomia a esses segmentos para que sintam estimulados a trabalhar cada vez mais. As polícias Militar e Civil aqui tinham dono e tinham carteira partidária e esse é o problema. Estamos desfazendo uma cultura para fazer uma polícia republicana e esse processo é não é simples, porque têm pessoas internas que poderão resistir. E ainda existem pessoas que gostariam que fizéssemos o contrário, ou seja, a polícia era dele, agora a polícia é nossa. E eu não acredito nem vou fazer isto.

TB - O senhor estava falando dessa parceria do governo estadual com o governo federal. Vem alguma novidade aí nesta sinergia?

JW - Na próxima sexta-feira estarei fechando o pacote do PAC. Para a Bahia deve vir em torno de R$ 1,3 bilhão para saneamento e habitação. Estou discutindo e deve entrar no PPA federal (Plano Plurianual de 2007-2011) a Ferrovia Bahia Oeste que terá um investimento muito grande do governo federal. Estamos trabalhando para ampliar a nossa capacidade de endividamento no Tesouro Nacional para contrair novos empréstimos para investirmos, principalmente, na área de infra-estrutura. Tem muito dessas parcerias que não são vistas publicamente como anúncio, por exemplo, quando lançamos o Topa, o governo do Estado entra com R$ 70 milhões e o governo federal, R$ 250 milhões. Quando Solla (Jorge Solla) está fazendo uma série de avanços na saúde como a fábrica que estamos reconstruindo em Conquista, é um marco para a Bahia, mas é de recurso federal. Estamos já na ordem de 33 mil de ligações do programa federal Luz para Todos. A parceria com o presidente Lula e com a equipe de ministros Walfrido, Dilma e Dulce é muito boa, primeiro porque também fui ministro e depois pela simbologia da vitória daqui, mas vamos buscar mais investimentos.



Estado mantém parceria com ministros baianos


TB - O fato de ter um ministro baiano comandando uma importante pasta como o Ministério das Integrações Nacionais também ajuda a angariar novos investimentos para o Estado?

JW - Sim, eu acho que o fato de ter conseguido um ministro baiano (Geddel Vieira Lima), além de Waldir (ex-governador Waldir Pires, atual ministro da Defesa) porque ele está na área, digamos assim, que não tem investimento direto, e Gil (Gilberto Gil, ministro da Cultura) que ajuda na área de cultura, mas evidentemente, o Ministério da Integração Nacional com o projeto da interligação das bacias, com todo o volume que está se investindo na revitalização (do Rio São Francisco), acredito que poderemos fazer uma grande parceria. Nós nos posicionamos bem a nível federal, o presidente tem consciência da contribuição que a Bahia deu (para sua eleição) e essa articulação com o PMDB. É a primeira vez, em 25 anos, que o presidente consegue ter uma relação com o PMDB tão completa e todo mundo tem consciência que o PMDB daqui contribuiu para isto. É óbvio que o presidente tem que governar para os 27 estados, mas a nossa relação com o governo federal é muito boa.

TB - Acabou de ser firmado, por exemplo, um convênio com o Ministério da Integração de R$ 13 milhões para a construção de seis novas pontes.

JW - A vantagem de se ter um baiano num Ministério que tem potencial investidor é esse. Então, por exemplo, estamos via Codevasf reequipando as 20 residências do Derba para fazer a manutenção das estradas. Vamos negociar com a Petrobras um contrato de longo prazo no sentido de três, quatro anos, para fornecimento de asfalto e insumos para fazer o trabalho. Nós temos 136 mil quilômetros de estradas estaduais, sendo 20 mil asfaltadas. Portanto, na minha opinião, a área mais importante, fora os sociais, é sem dúvida nenhuma a infra-estrutura.

TB - E a parceira com a prefeitura de Salvador, alguma novidade?

JW - Houve uma decisão do prefeito João Henrique de mudar de partido, do ponto de vista da relação comigo, ele foi para um partido que tenho uma relação mais intensa, mais próxima, apesar de também ter relação com os dois partidos. Mas o PDT, apesar de ser claro que o partido está na minha base de sustentação, ainda não tenho uma relação declarada por parte da direção do PDT.

TB - Mas o senhor ficou zangado pelo fato de o prefeito não ter ido para o PT?

JW - Não fiquei zangado, porque foi uma decisão interna do PT que no momento entendeu que seria melhor ele ir para o PMDB. Eu, felizmente, fui o primeiro presidente do partido, mas por não ser um partido de ordem unida, as vezes dá trabalho, mas acho também que esta é a riqueza do PT. Eu emiti minha opinião, para mim era melhor, já que ele queria sair do PDT, ir para o PT. Mas a direção municipal foi administrando de uma forma que ele acabou indo para o PMDB, mas eu continuo defendendo a mesma tese. João Henrique ganhou as eleições em 2004 e nós nos unimos somente no segundo turno. A primeira vez que as oposições se uniram nesta última década, por decisão política, foi agora na minha eleição em 2006, porque já começamos as eleições unidos e acabamos obtendo o resultado. Eu acho que é muito pouco tempo para nós nos dispersarmos já numa eleição, que acontecerá no próximo ano. Portanto, vou fazer esse esforço na maior parte das grandes cidades, porque nos pequenos municípios eu sei que é difícil porque parte da nossa base de sustentação se divide no interior. Mas cidades como Conquista, Itabuna, Salvador, Feira, vou fazer esse esforço. Estamos num processo de construção de um novo agrupamento político, a vitória foi uma surpresa, ninguém acreditava, ela se torna realidade. Há uma divisão, dispersão das chamadas forças que eram governistas antes, então eu não vejo porque agora nós também nos dispersar. Eu defendo essa tese. Agora a minha relação com o prefeito João Henrique, ele era um aliado do presidente Lula, como também meu aliado, e como ele se mudou para um partido que está na minha base, não vai interferir em nada na minha relação como governador. E a relação do PT com os outros partidos, aí já é uma negociação que cabe a eles.

TB - Nesse caso que o senhor defende que os partidos de sustentação de sua base devem permanecer aliados, então o senhor acha que o PT não deveria ter candidatura própria e sim apoiar a reeleição do prefeito João Henrique?

JW - A conseqüência disso é essa. Eu acho que a naturalidade é de quem está no cargo, já que tem o processo de reeleição, possa reivindicar, requisitar ser o candidato e isso eu já disse várias vezes. Eu tenho um jeito de fazer política que é esse, não adianta fazer joguinho. Se ele está mantendo todo mundo unido, o natural é João Henrique, mas isso não é impositivo. Alguém pode dizer que discorda com o encaminhamento que está sendo dado, eu acho que ele não é um bom candidato e vou lançar candidato. Como tem dois turnos aqui é possível, mas não é minha posição, eu defendo a unidade do governo no primeiro turno da eleição.

TB - Quais são os resultados das suas viagens ao exterior?

JW - Muitos, mas eu gostaria de explicar melhor estas viagens. A atração de investimentos se dá por sucessivas idas e vindas, é um processo, então às vezes acho que há uma incompreensão, as pessoas sempre fazem isso. Quando viajo, elas perguntam: o que o senhor trouxe? As vezes até o que você traz não necessariamente, podemos precisar muito. Se eu vou atrair uma empresa de grande porte, se eu ficar dizendo que estou trabalhando neste sentido, outros estados vão trabalhar também. Portanto, muitas coisas que fazemos, não vou falar que é sigiloso, mas não devemos divulgar até que se concretize o negócio. O cidadão vem aqui, vê o terreno, conversa com outros empresários. Estamos tratando com uma siderúrgica para sua instalação aqui, estava tudo certo e a siderúrgica foi vendida. Quem a comprou, no primeiro momento, disse que não iria tratar de novos investimentos, agora que já tem um tempo, ela voltou a dizer que tem interesse em investir na Bahia. eu digo com muita tranqüilidade que estamos bem posicionados e a presença do governador em outros países tem um papel impressionante.



O segredo para atrair novos investimentos


TB - O que o senhor foi fazer na Espanha?

JW - Por exemplo, fui agora na Espanha, fiz uma reunião com um executivo número um de um determinado banco e ele disse que estava concluindo uma agência em São Paulo, a próxima vou fazer em Salvador. A Ford, no começo do ano, disse que iria investir mais de R$ 2 bilhões no Ceará e na Bahia e na época eles não disseram mais nada e o presidente Lula justificou que eles não poderiam dizer por conta da concorrência e eles estiveram aqui na sexta-feira dando um passo a mais. No mundo dos negócios, da política, tem dessas coisas. Mas já trouxemos vários investimentos na área turística, imobiliária, o secretário de Indústria e Comércio (Rafael Amoedo) tem feito um belo trabalho, a área de meio-ambiente vem tentando se superar, dentro da regra.

TB - E com relação ao governo passado, o senhor considera que recebeu uma herança maldita?

JW - Eu não gosto muito dessa palavra, mas considero que recebi uma herança ruim. Do ponto de vista das finanças, eu recebi praticamente um R$ 1 bilhão de restos a pagar. As pessoas falam como herança maldita como se fosse somente um quadro financeiro, eu diria até que eles montaram uma máquina de arrecadação boa, eles tinham na área da Fazenda uma estrutura bem montada, nós talvez estejamos entre os três primeiros estados a lançar a nota fiscal eletrônica. Então aquilo que interessava ao Estado, ou seja, arrecadar e fiscalizar bem até tinha uma máquina razoável. Agora naquilo que interessava à sociedade que era em gastar bem, aí sinceramente não.

TB - Por quê?

JW - O problema aqui era porque tudo era carimbado. O governador Paulo Souto fica irritado quando eu falo essas coisas, mas é verdade. A Bünge quis instalar um porto aqui e não conseguiu em seu governo, porque havia um interesse conflitante com outro grupo empresarial. O grupo G8 não é invenção de ninguém da antiga oposição, era verdadeira, de contratos altamente lesivos. Foi invenção deles, o G8 operou nos 16 anos dele, então essa máquina, em que você arrecadava bem, mas tinha um carimbo na área de publicidade, na área de contratação de mão-de-obra, na área de segurança, na área de compra, todo mundo sabe na Bahia. Várias áreas eram impenetráveis, eles arrecadavam bem, mas gastavam mal seguindo os interesses dos nichos de grupos amigos do antigo governo. Estamos num processo de desmonte dessa operação, buscando a reformulação desses contratos e acho que vamos economizar muito.

TB - E na área social?

JW - Eu acho que a minha herança maldita é justamente na área social que recebi. Nós pegamos a sexta pior saúde, a pior educação, o maior número de analfabetos, 90% de estradas intrafegáveis.

TB - E quanto à transparência, essa é uma antiga reivindicação não só dos deputados, como também da sociedade?

JW - Pois é, enquanto o antigo governo não dava a senha nem para os deputados fiscalizar, que é um direito constitucional, vamos abrir as contas na Internet. Todos terão acesso ao que o governo está pagando, porque pagou. Pelo CNPJ da empresa, o cidadão poderá verificar a veracidade de uma denúncia. Não estou fazendo porque sou bonzinho e sim porque acredito que só vamos ter o uso de dinheiro público correto quando tivermos transparência.

TB - O senhor está gostando de governar a Bahia?

JW - Sim, é uma experiência diferente. Eu já tinha a experiência de governar porque ministro chamam, diretamente, de segundo escalão, porque é abaixo do presidente e eu fui da coordenação de governo. Agora, evidentemente, aumenta e muito a responsabilidade. Sendo o governador, eventualmente, você é o responsável pelas coisas boas, mas eventualmente. Eu estou gostando, evidentemente, que se trabalha muito, minha média é de 14 horas por dia, mesmo nos finais de semana. Na verdade, o gostar é ver os resultados. Nesses seis primeiros meses há ainda muito o que melhorar, mas como eu tenho a compreensão de que as coisas são um processo, entendo que estamos ganhando musculatura, é o primeiro ano da equipe, acho que a relação com a base de sustentação até agora é boa, agora esse preenchimento de cargo é uma trabalheira. Mas tenho dito sempre as pessoas o seguinte: é uma quebra de paradigma essa mudança do governo anterior para este. O governo anterior as pessoas tinham o sentimento de que havia um duplo governo no Estado, um governo de fato de direito e um paralelo, de fato. Agora não tem mais isto, mas pessoas sabem que tem um governo que não tem um monstro atrás que as pessoas tenham medo.

TB - E sua bancada na Assembléia Legislativa?

JW - É óbvio que os deputados reclamam muito mais do que no passado, porque antes era proibido reclamar. Aí tem hora que você tem que dar uma chamada e dizer: meu caro, só funciona do outro jeito? É um pouco a discussão que eu diria como criação de filho, tem o autoritário que o filho não briga, mas também quando arrebenta a casa é para valer, o outro é na base do diálogo, as vezes dá mais trabalho, mas esta mudança de cultura não é brincadeira.

TB - Há a possibilidade de aumentar a sua base na AL?

JW - Existe essa possibilidade. Estamos discutindo com o PR e o PP, eu acho até que tem uma possibilidade real de aumentar essa base, mas tem que ser discutida porque quanto mais se amplia, obviamente, aumenta as tensões do ponto de vista da ponta dos municípios. Estamos hoje com 38 deputados, mas com mais algumas semanas poderemos fechar um acordo.

TB - E nesse caso da possibilidade da entrada desses dois partidos no governo, poderá haver uma rearrumação no secretariado ou, até mesmo, nas autarquias?

JW - Não. Agora, seguramente, não terá e isso eu já disse a todos eles. O governo está montado, não vou por conta de um realinhamento político mexer precipitadamente. É natural. Aí é que entra a história dos prazos, no primeiro ano você faz uma avaliação de como a máquina está funcionando, aí sim caberiam movimentações administrativas e, eventualmente, incorporar novos aliados. Mas agora não há hipótese em mexer numa máquina que está pegando o ritmo por conta de alianças.

Anônimo disse...

Tribuna Livre

Os novos corruptos

02/06/2008

por Ferreira Gullar

A CORRUPÇÃO entre nós está mudando. Essa é a impressão que tenho. Não me arvoro a entendido no assunto mas, até onde consigo perceber, de alguns anos para cá, a corrupção passou a apresentar características muito especiais. Não diria que ela evoluiu, porque, como se sabe, arte não evolui e, conforme se deduz do célebre livro atribuído ao padre Manuel da Costa, escrito no século 17, há uma arte de furtar, como há uma arte de corromper em que, aliás, como ele já observava, os políticos são mestres. Não saberia dizer, com segurança, se se rouba mais hoje do que ontem, embora a impressão que se tem, pelo que a mídia noticia, é de que a corrupção aumentou muito. Há, porém, que observar que essa é uma impressão ilusória. Argumenta-se que, atualmente, a Polícia Federal ampliou o combate a esse tipo de crime, decorrendo daí a falsa impressão de que se rouba mais agora do que se roubava antes. Na verdade, segundo aqueles observadores, o que aumentou foi o combate a ela, ou seja, em termos relativos, a roubalheira se mantém a mesma. Pode ser e pode não ser. São palpites, creio, já que desconheço algum estudo mais aprofundado do tema capaz de nos dizer quanto roubavam os ladrões do passado e quanto roubam os de hoje. Se for verdade que já se roubava, antes, tanto quanto agora, devemos tirar o chapéu aos ladrões de outrora, por conseguirem tão invejáveis resultados com tão pouca tecnologia e muito menos dinheiro. Afirmo isso porque, nada entendendo desse tipo de arte, a intuição me diz que o roubo e a corrupção crescem na razão direta da riqueza produzida, da grana que entra nos cofres públicos, se bem que, em casos extremos, rouba-se até moeda do pires do mendigo, ou seja, mal comparando, de prefeituras do interior que não arrecadam nem o suficiente para pagar o funcionalismo.Estou convencido de que o cara nasce ladrão, como nasce pianista ou jogador de futebol. Nisso concordo com o mestre Machado, para quem não é a ocasião que faz o ladrão: a ocasião faz o furto; o ladrão já nasce feito. A conclusão é que o Brasil parece tão pródigo em corruptos quanto em craques de futebol. Pena é que aqueles prefiram continuar atuando no país. Mas, se de fato, como a arte, a corrupção não evolui, apenas muda, cumpre observar que, nestes últimos anos, ela nos tem revelado facetas inusitadas. E isso se deve, justiça seja feita, à indiscutível contribuição do PT, que, como se sabe, nasceu para mudar o Brasil. Se não mudou as relações de propriedade, instaurando o socialismo, inventou pelo menos uma nova maneira de apropriar-se do dinheiro público, ou de fazê-lo impunemente. A inovação, no entanto, vai além disso, como se viu no caso do mensalão, quando uma complicada rede de transações financeiras e "laranjas" tornou possível ao governo comprar deputados de sua própria base. Na hora em que o escândalo pôs as falcatruas à mostra, os dirigentes petistas -a começar pelo próprio presidente Lula- disseram que não sabiam de nada, ou que eram despesas não-contabilizadas, ou que assinaram um papel sem saber que se tratava de um empréstimo. Não menos surpreendente foi o episódio do hotel Íbis, em São Paulo, quando a Polícia Federal prendeu, em 2006, dois petistas com R$ 1,7 milhão. O dinheiro era para comprar um dossiê contra José Serra, então candidato a governador. Com essa falcatrua estavam comprometidos desde o presidente do PT até um assessor especial do presidente da República, sem falar em seu churrasqueiro. Donde saíra aquela montanha de dinheiro? Ninguém sabia, nem mesmo -ou, aliás, principalmente- o sujeito que o trouxera na mala. A esse novo tipo de corrupto sem memória, que Lula chamou de aloprado, prefiro chamar mesmo de cara-de-pau. Nessa mesma linha de neocorrupção, deu-se recentemente o vazamento do dossiê que a Casa Civil da presidência de República preparara com as despesas do governo FHC. No começo, a Dilma afirmou que não havia dossiê nenhum, enquanto o ministro da Justiça o reduziu à condição de mero conceito. Depois, havia, mas era obra de algum inimigo do governo infiltrado no Planalto. Finalmente, a Polícia Federal descobriu que ele fora elaborado por altos funcionários do governo e que havia sido vazado, nada mais nada menos que pelo senhor José Aparecido Nunes Pires, secretário de Controle Interno da Casa Civil. Provado que o dossiê saíra de seu computador, cuja senha só ele conhece, teve que admitir que o vazara, mas o fizera -vejam vocês- sem saber, sem querer, por simples distração! Que fofo, não?

*Ferreira Gullar é Escritor

Fonte: Folha de S. Paulo