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No Domingo de Páscoa

No Domingo de Páscoa

sábado, 30 de junho de 2007

Bois para lá, bois para cá

Este artigo de Bezerra Couto está publicado no site do PPS (www. pps.org.br):
O Senado... muuu... está com aftosa. O surto foi provocado pela falta de correspondência entre o (elevado) volume de transações pecuárias e negócios mal explicados dos seus parlamentares e o (baixíssimo) nível de percepção que eles demonstram quanto aos sentimentos dos eleitores.
Obcecado em preservar o cargo, Renan Calheiros (PMDB-AL) fez mais do que oferecer uma defesa contraditória, cabalmente desmentida pelos fatos. Com suas notas fiscais frias, explicações insustentáveis e a cegueira com que se agarra à cadeira de presidente, não apenas lambuzou sua biografia, mas levou para a sarjeta todo o Senado.
Tem suas impressões digitais, por exemplo, esse ridículo Conselho de Ética no qual presidentes e relatores são anunciados num dia para no outro saírem de cena, sob alegações inacreditáveis. Um Conselho, pasmem, presidido pelo Sr. Leomar Quintanilha (PMDB-TO)! E dominado pelo PMDB de Wellington Salgado (MG) e Valdir Raupp!
Renan acha que é senador e presidente do Senado. Não é mais nem uma coisa nem outra. É apenas o burlesco personagem de uma farsa boboca que só faz rir aquela parte do público que é mais boboca ainda do que os tristes artistas que se revezam no picadeiro.
A vantagem é que suas renanzices são pedagógicas. De cara, tiraram a roupa da bancada partidária que o abriga. Como mostrou o Congresso em Foco, o grupo de senadores do PMDB é simplesmente um espanto (confira). Há honrosas exceções, como Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (RS), mas, sem dúvida, impressiona a folha corrida dos senadores peemedebistas.
Em meio ao estouro da boiada, tem servido de consolo a atuação demonstrada no episódio por outros parlamentares, como José Nery (Psol-PA), Jefferson Péres (PDT-AM), Demóstenes Torres (DEM-GO), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES).
Graças ao Renan, também, sabemos o vexatório papel que a líder do PT, Ideli Salvati (SC), é capaz de cumprir quando se vê às voltas com aquilo que ela deve imaginar ser uma missão partidária em prol da governabilidade. Suplente no Conselho de Ética e peça-chave da amalucada operação de salvamento do presidente do Senado, ela já anunciou seu voto favorável ao relatório de Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Aquele que inocentou Calheiros com a velocidade de um cometa e, um pouco mais rápido, deixou o palco ostentando uma licença médica.
E o corregedor (?????!!!!!!) Romeu Tuma (DEM-SP), que proclamou aos quatro cantos a inocência de Renan sem sequer ter iniciado uma investigação sobre o assunto! E que agora, com a mesma pressa, joga Joaquim Roriz (PMDB-DF) às feras!
Roriz, você sabe, foi flagrado conversando sobre a melhor maneira de receber uma partilha de R$ 2 milhões. Nada contra apurar os atos do histriônico, suspeitíssimo e ultrapassado ex-governador do Distrito Federal. O que soa como afronta é o tratamento distinto que o corregedor (?????!!!!!!) Tuma dispensa aos dois senadores.
O senador das Alagoas conseguiu mais: levou a crise para dentro do Palácio do Planalto, a ponto de Lula sair a campo em sua defesa. Bola fora total! Devia deixar Renan cair de podre, até para não deixar no ar a sensação de que o governo tem medo dele. Porque, conforme é voz corrente aqui em Brasília, o presidente do Senado está ameaçando levar com ele muita gente - ou seriam bois? - se cair. Nessa briga, Lula só poderia entrar se fosse pra despachar o serviço de inspeção animal, que certamente teria muito a fazer no Senado.
De resto, considerando que o Senado (nele incluída a vasta população bovina dos seus integrantes) está quase todo contaminado, cassar agora apenas Renan - ou Renan e Roriz - é muito pouco. Para assegurar condições mínimas de saneamento, a limpeza deveria atingir pelo menos mais quatro: Tuma e Cafeteira, pelos motivos antes citados; Wellington Salgado, pelo comportamento absurdo que demonstrou em sua breve passagem pela relatoria; e Quintanilha, por afrontar toda a sociedade brasileira ao convidar e desconvidar Casagrande para o mesmo cargo. Quem dirá que todos eles não feriram o decoro parlamentar com seus atos e declarações funestos?

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